O MELHOR FILME DE STEVEN SODERBERGH...O ESTRANHO.

   Ele começa com o som de The Seeker by The Who. E voce sabe, é um dos melhores rocks da história do mundo. Na letra Roger Daltrey diz: Perguntei à Bob Dylan, Perguntei aos Beatles, Perguntei à Timothy Leary, mas ninguém me responder, eles me chamam The Seeker.
 Vemos TERENCE STAMP num avião, no aeroporto, e quando há Stamp, há maldade no ar. ( O irmão de Stamp foi empresário do WHO nos anos 60 ).
 Primeiro fato: Este filme é uma aula de ritmo. Ele é lento, nunca chato, ele tem cortes atemporais, mas jamais é confuso. Este filme nos hipnotiza. Completamente.
 Vamos a algumas informações:
 Terence Stamp foi, nos anos entre 1964-1969, o ator mais quente da Inglaterra. Em um tempo que tinha Sean Connery, Michael Caine, Alan Bates, Peter O'Toole, John Hurt, Richard Burton, era Stamp o mais fascinante, o mais sexy, o mais perigoso, o mais querido pelas meninas mais doidas. Mas ele deu uma bela pirada no fim da década e sumiu na India. Retornou oito anos depois, já bem esquecido. Com fama de doidão, sua carreira não engrenou mais, e para quem não sabe, ele é conhecido apenas como um ator mal humorado e esquisito. Um coadjuvante. Não sabem que ele já foi uma big estrela. Pois bem, Steven o escolhe como ator central. Mais que isso, o filme inteiro é uma homenagem à ele. Logo a gente saca que aqui, em plenos anos 2000, vemos uma amarga lembrança dos anos 60. Stamp é o lado podre do tempo hippie, é um ladrão, é violento, é mal. E ele vem à California em busca de vingança.
 O filme tem Peter Fonda. E aqui ele é o outro lado do tempo hippie. É o cara de boas, o ex hippie sempre sorrindo, saudável, da paz, rico, que se deu bem com a onda paz e amor. Mas Peter cometeu um erro: é um covarde. Na vida real Peter também se deu mal e também pirou.
 O filme ainda tem Barry Newman, o ator de Vanishing Point, Joe Dalessandro, o ator dos filmes de Andy Warhol e Lesley Ann Warren, a atriz da serie Missão Impossível. Mas...nada há de saudosista aqui. O filme é uma crítica aos anos 60. E passado hoje, ele é moderno, muito moderno.
 É o melhor filme de Soderbergh. O mais enxuto. O mais sincero. O mais emocionante. O final é absolutamente perfeito. Soberbo.
 ( PS: Soderbergh intercala algumas cenas com outro filme, um original de 1966 com o jovem Terence Stamp. Sacada ótima e homenagem carinhosa ).