DIE SCHONE MULLERIN, ou porque os Beatles e os Kinks não soam como os Beach Boys ou os Byrds
Há uma diferença entre rock inglês e rock americano. Ouvir este cd de 1962 fará com que voce perceba o porque. ------------------------- eM UM DOS GRUPOS QUE acompanho, sobre rock progressivo, grupo muito engraçado por ser pretensioso, se discute porque o rock inglês é tão sinfônico, já que em termos de música clássica a Inglaterra nem é tão grande coisa. Ora...tive de lhes explicar que o fato do país ter menos compositores grandes não significa ter menos música clássica. A Inglaterra tem uma profusão imensa de orquestras top e nos anos 40 e 50 se ensinava música em toda escola. Isso fez com que não só o progressivo, mas mesmo o heavy metal tivesse influencias eruditas. Um músico inglês sempre pensava em termos de sinfonia e de lied. Eu disse lied? O que esse povo esquece é que a forma musical mais popular do erudito é o lied. ----------------------------------- Lied são canções. Pegava-se um poema de Goethe ou Heine e colocava-se música. Era esse tipo de música que frequentava os lares, pois era preciso apenas a partitura, um piano e uma voz para executar a obra. ------------------------------------ Este cd traz 22 obras de Schubert. Gerald Moore toca o piano de forma sublime e impetuosa e Dietrich Fischer - Dieskau canta de forma magnífica. Das Wanderen, a primeira canção já entrega tudo: eis em 1822 a melodia que Ray Davies, Paul MacCartney e Syd Barret carregaram no inconsciente por toda vida. É lindo. É mais que lindo, é atemporal. Por todo o cd, um clássico da EMI, gravado em Abbey Road, Dietrich, um dos maiores cantores do século, e Moore, um amado irlandês. nos elevam ao mundo do mágico. De 2 a 4 minutos por faixa dando-nos uma imensa gratificação. Dizem ser Schubert o maior autor de lieds. Não sei se é, mas este disco é absoluto.