ART PEPPER

As pessoas falam muito dos junkies do rock e do jazz. Charlie Parker, Chet Baker, Stan Getz, Bud Powell e muitos outros. Art Pepper dá de lavada em todos esses. Saxofonista dos saxofonistas, ele faz parte da turma dos músicos de jazz que são conhecidos por gente que conhece a coisa. Seu toque é inconfundível e ele gravou alguns dos maiores discos do gênero. Ele conseguia ser cool como Paul Desmond, mas ao mesmo tempo hot como Hank Mobley. Por mais refinado que fosse, seu som estava sempre tomado por fogo e sangue. E por mais que prometesse êxtase, ele nunca deixava de ser leve. Mas por que eu falei em junkie? -------------------- Basta dizer que Art Pepper ficou mais de 10 anos sem gravar. Porque cumpria pena em San Quentin. Nenhum dos outros malucos do jazz passou por isso. Toda a década de 60 ele esteve preso. Só volta aos palcos no meio dos anos 70. E consegue refazer sua carreira nos anos 80. Seu estouro foi em 1957, com a obra prima Art Pepper and The Rythm Section, album gravado com o trio de Miles Davis: Red Garland no piano, Paul Chambers no baixo e Philly Joe Jones na batera. É um disco onde nenhum dos instrumentos domina os outros, e isso é raro! Piano, baixo, batera e sax têm a mesma importância, o mesmo volume, o tempo todo. E eu não conheço músicos melhores que esses. Garland dedilha o piano sempre com fluidez hipnótica, Chambers tem um ritmo poderoso, viril, e Jones, o maior dos bateras. ------------------ Dizem que quando gravou o disco, Art não pegava em um sax fazia 8 meses. Nos anos 50 ele foi preso duas vezes e estava saindo de uma detenção de 8 meses. Ele se dizia enferrujado, Abençoada ferrugem!