CONSTANCE - LAWRENCE DURRELL
Fazendo parte do Quinteto de Avignon, cinco romances lançados nos anos 80, cada um narrando a mesma história sob um ponto de vista próprio, Constance tem todo o charme e elan do famoso autor inglês. Será Durrell ainda famoso? ------------------ Estamos na Segunda Guerra e os personagens tentam se adaptar aos novos tempos. Há a fome, o medo, a dor. Constance volta a Avignon e procura viver a distância segura dos nazis. De todos os livros que li de Durrell, são muitos, este é o menos exotérico. O Egito paira em suas páginas, mas é o menos alexandrino. Fala-se nos templários, a magia da escrita permanece sedutora, o erotismo move cada ação, mas a urgência da guerra, o caráter sólido do conflito, leva o mundo ao chão. Não há espaço para pensar para dentro, é preciso se viver dentro do exterior. ----------------- Ler um autor como Durrell é sempre um prazer. Em mãos menos habeis seus livros seriam ilegíveis. São muitas vozes, muitos cenários, muitas ações. Ele é autor do tipo sinfônico, é ambicioso, vasto, não tem medo e nem pudor. Tenta abarcar a polifonia da vida, o segredo do tempo, é pós Einstein, e portanto, moderno. Não se engane, a maioria dos autores de 2024 não são modernos. A modernidade se caracteriza pela descrença no tempo, pela ambição musical e portanto pela impossibilidade de se crer no romance como verdade acabada. De Joyce à Nabokov, todos possuem a chaga da dúvida sem fim. E se colocam a questão central: é possível contar algo que seja verdadeiro? ---------------- Durrell luta para ser real e faz isso englobando o irreal. Para ele a vida tem magia e ilusão e é isso que faz a riqueza de seu estilo. Um prazer.