PIERROT LUNAIRE - SCHOENBERG. NASH ESEMBLE- SIMON RATTLE.
Pleno modernismo do começo do século XX. A voz, de Jane Manning, paira como uma assombração. Música feita de fragmentos que pipocam como meteoros de ilusão. Ouço e sinto que tudo aqui é um ponto de interrogação. A música é não emocional ou pós emocional? De onde vem esse estilo de compor e mais importante: como devo a escutar? Fascina. Mas o prazer existe aqui? Talvez um outro tipo de prazer, pois a vontade de ouvir mais uma vez existe. É preciso penetrar nesta música, como? eu não sei. Schoenberg ainda é guia da música dita moderna, cem anos passados. Diziam que ela anunciava as guerras mundiais. Não. Ela anunciava nosso tempo. Aparente desordem que esconde ordem absoluta. Sim, há seus clichés: não há como ouvir isto sem pensar nos filmes expressionistas de então. Voce vê os postes com sombras negras e as ruas com pessoas sinistras. Desconfiança. E paranoia. Sim, é a trilha sonora da neurose, a velha neurose clássica, pesada, soturna, freudiana. Minhas neuroses soavam exatamente assim. Caminhar com frio nas noites de 1980, na avenida Paulista, era assim. Isso percutia na minha mente. Exatamente Schoenberg, que eu nunca ouvira até então. --------------- Necessário.