MEUS LIVROS

Leio uma esntrevista onde Tolstoi fala dos livros que mais o marcaram. Para isso, ele os divide em fases de sua vida, livros lidos aos 20 anos, 40 etc. Gostei da ideia, isso facilita muito a escolha. Farei portanto a minha lista. ATÉ MEUS 12 ANOS: Tom Sawyer de Mark Twain, livro primeiro da me marcar, livro ao qual sou grato e que relido mantém sua magia. Me abriu a possibilidade da aventura e mais que isso, me mostrou que ter 10 anos de idade era maravilhoso. O mundo a beira do Mississipi se tornou mágico para mim e a amizade de Tom e Huck, assim como o amor por Becky foi modelo para minha vida. É talvez meu mais amado livro até hoje. Nessa fase destaco apenas mais dois: A Ilha do Tesouro, de Stevenson, primeiro livro que li na vida, e Carlos Magno e Seus Cavaleiros. Li muito mais que isso, lembro de Jules Verne, Dumas, Renard a Raposa, O Zorro, Jack London...mas os três citados foram momentos que lembro para sempre. ------------------------------------------ DOS 12 AOS 24 ANOS. Aí eu já ia atrás dos autores e para meu mal, perdi muito do prazer puro em ler, pois a crítica me guiava e eu me obrigava a ler o que "era bom". Os que cito aqui, claro, foram prazer ( E para escolher basta entender que o livro que te marca é aquele em que lembramos quando, onde e como o lemos ). A Enciclopédia Barsa. Sim, eu a li inteira. Entre os 12 e os 15 anos eu pegava um volume e lia de cabo a rabo. Curioso ao extremo, eu queria saber que coisa estava escrita lá. Acabei por saber de cada autor importante do mundo. Cândido de Voltaire. Poucas vezes li algo com tanto prazer. Numa madrugada só, na cama. Crime e Castigo de Dostoievski. Esse também foi na cama e me deu gosto em ler. Complexo de Portnoy de Philip Roth, aos 16 anos, uma sensação anárquica maravilhosa. O Sol Também Se Levanta de Heminguay, logo me apaixonei por Lady Brett. Eu queria ser o narrador, e fui. Um dos livros mais relidos da minha vida. David Copperfield de Dickens. Outro por quem me apaixonei. Nessa fase da vida um livro só funciona se nos faz apaixonar. Lemos com o coração. O Morro dos Ventos UIvantes de Emilly Bronte, aos 15 anos e depois relido a cada cinco ou seis anos. Não vou comentar. Heathcliff sou eu. ------------------------------- DOS 24 AOS 36 ANOS. Zorba, O Grego de Kazantzakis. Eu queria ser Zorba. Ajudou a aliviar minhas neuroses. Anna Karenina, Tolstoi. A consciência do quanto um romance pode ser grande. Yeats. Li vários livros desse poeta. Todos me marcaram. Era maravilhoso conseguir entrar em seu mundo. Não sei se ainda consigo. Aconteceu comigo o mesmo que com Yeats, com a idade me tornei mais carne e menos alma. O Nascimento da Tragédia, Nietzsche. Não há como não topar com este alemão. Flores da Relva, Whitman. Memórias de Brideshead, Evelyn Waugh. ---------------------- DOS 36 AOS 48 ANOS. Li muita poesia nessa fase e destaco T.S.Eliot, Wallace Stevens, Rilke e John Keats. E os brasileiros, afinal, Murilo Mendes, Cecilia Meireles e Manoel de Barros. Eça de Queiros, a Cidade e a Serra. Machado de Assis, Dom Casmurro. Tempo em que li Saul Bellow, imenso escritor, entendi Marcel Proust, e descobri o Tristam Shandy de Sterne. Os dois maiores romances que li nessa época: O Vermelho e o Negro e A Cartuxa de Parma, ambos de Stendhal. Emocionantes. --------------------------- Dos 40 aos 52 anos. O prazer se tornou objetivo maior da leitura. Sherlock Holmes e livros noir de Chandler e Hammet. E prazer puro também nos Dublinenses de Joyce, em Rumo Ao Farol, de Virginia Wolff, no Leopardo de Lampedusa, na serie de Jeeves de Wodehouse, nos escritos sobre cinema de Kael, em Noteboom, Peter Mayle falando da boa vida e John Updike e seus romances perfeitos. -------------- Por fim a fase atual, dos 52 em diante. Vladimir Nabokov. Aldous Huxley. G.W.Sebald. Chesterton. Scrutton. Wittgeinstein. Houellebecq. Bernhard. ----------------- Devo ter esquecido algumas coisas, mas é isso aí.