SANTOS-DUMONT E BLASCO IBAÑEZ

Entrrei em 2024 dentro da BELLE EPOQUE. Li dois livros com sabor da época do otimismo. Vicente Blasco Ibañez foi um autor best seller na virada do século XX. ORIENTE é o livro que leio e mais que o fato de ter sido escrito em 1907, o que me transporta ao seu tempo é a edição que tenho em mãos, Lisboa 1911, um livro com mais de cem anos. A capa dura, as folhas macias e brilhantes, todo cheio de fotografias, o texto, delicioso, narra a viagem de Blasco por Suiça, Alemanha, Austria, Hungria, Servia, Bulgaria e afinal, Turquia. É fascinante ver o modo como um homem espanhol, culto, percebe a vida de cada um dos países. Ele fala de paisagens, das pessoas, de suas roupas, saúde, estradas, costumes, atitudes. Blasco abomina a Servia, parece adivinhar a guerra que se avizinha, e tece elogios sem fim à Turquia. Nos choca o modo como ele fala de judeus... Depois leio uma breve biografia de Santos Dumont, escrita em 2000 por uma jornalista ligada ao mundo da moda, Nancy Winters. Que pessoa fascinante esse Santos!!!!!! Modelo de elegância, ele lançou tendências de vestuário, com seu colarinho alto, barra de calça dobrada, e o famoso relógio de pulso. Seu amigo Cartier faz para ele o primeiro relógio de pulso. Não só o primeiro de pulso, mas o primeiro quadrado. Relançado em 1978, estranho saber que na França ele hoje é mais lembrado como co-autor dessa peça de luxo que pelo avião. O modelo se chama Cartier-Santos. Mas entre 1898-1910, Santos-Dumont foi um mito na Europa, um heroi. Sem se preocupar com patentes, muito rico, ele dominou as praças e os céus de Paris. Fechado, a autora diz que não há nada que demonstre uma dita homossexualidade nele, ao fim da vida ele teve de lidar com a esclerose múltipla e morreu quase louco no Guarujá. Lendo o livro voce se apaixona pelo homem e lamenta que hoje, mesmo no Brasil, ele quase não seja citado em aulas de história. Por que? Weeellll.... faz sol agora e eu vou à champagne....