OUT TO LUNCH - ERIC DOLPHY

Lançado em 1964, estamos aqui na terra do free jazz. Deus, eu adoro Eric Dolphy! Demorou muito para eu o conhecer, descobri só agora em 2023, mas caramba, ele era genial. Seu sopro, seja no sax alto, no clarinete baixo ou na flauta, é sempre feroz. Ele ataca o som, arremete nossos ouvidos e assim nos libera os sentidos. Acompanhado pelo trompete de Freddie Hubbard, a batera de Tony Willians, o vibrafone de Bobby Hutcherson e o baixo de Richard Davis, o som aqui produzido é como um tsunami sonoro. --------------- Tony Willians tocava nessa época com Hancock e Miles, Bobby enfrenta de frante o sopro de Eric, sem medo e Hubbard Vai fundo na coisa free. Quanto a Richard, ele faz acordes cheios no baixo, é uma das melhores gravações desse instrumento. Mas é Dolphy, no tempo em que ainda tocava com Mingus e logo viria a morrer, sua vida foi uma brisa, é Dolphy quem assombra. De Hat and Beard, tema feito em honra de Monk, até Straight up down, não há um só minuto menos que sublime. O disco, um dos grandes discos de uma época de gigantes, mantém sua tensão sem jamais esmorecer. O jazz de Dolphy é difícil porque ele exige tudo do executante e do ouvinte, ele vai direto aos nervos, é um jazz que parte da excitação física e almeja a espiritualidade pura. ---------------- Quem já viu Eric tocas sabe disso: ele era um xamã. Seu esforço, sempre no limite, como Coltrane, busca a superação da matéria e o encontro com a alma via som, via música. Para isso ele quebra tudo: ritmo, harmonia e melodia. O ritmo muda sem parar, a harmonia se desfaz e se cria, a melodia se mistura a tantos fragmentos melódicos que ela faz com que nos percamos. É uma beleza fluida. Voce precisa ser ativo, ir atrás e participar enquanto escuta. Há muito o que ouvir aqui. Procure.