A INGÊNUA LIBERTINA - COLETTE

E finalmente leio Colette! Tive uma amiga que a adorava. Dizia ela que Colette havia feito muito mais pelo feminismo que Simone de Beauvoir. Sim, ela fez, e este livro o prova. -------------- Acompanhamos Minne, uma bela menina de 14 anos. Vivendo com a mãe, orfã de pai, eles não têm problemas financeiros, e a mãe, sempre perfeita, vive por ela. Minna sonha em conhecer Cabelo de Anjo, um ladrão que vive nas ruas. Ela sente desejo por esse aventureiro perigoso e ousado, por esse rapaz temido e odiado por sua mãe seus tios. Então um dia ela foge de casa de noite e se perde nas ruas. Quer beijar o tal ladrão e óbvio, não o encontra. Volta para casa enlameada, assustada, imunda. Nada sucedeu com ela, mas é criada uma fama de que ela "se perdeu". ---------------- Na segunda parte ela está casada com seu primo que a adora. Aos 20 anos, Minne já teve 4 amantes e descobre que nunca gozou. O romance vai em frente e mais eu não conto. Escrito em 1909, é um livro que só seria possível na França. A história de uma mulher em busca do gozo na cama seria censurada na Inglaterra e tratada como pornô nos EUA. Na França, Colette logo se tornou ícone, best seller popular e querida de críticos. A escrita dela é de uma elegância absoluta, ela trata temas "baixos" com sabedoria, charme, retidão de estilo. Ler Colette dá prazer mas também dá entendimento psicológico. O primo, Antoine, se revela um belo personagem e Minne é uma mulher mentirosa, fria e infiel, porém, adorável. ---------------- Hoje pouco lida, Colette liberou a mulher para o prazer e mais que isso, lutou para lhes tirar a culpa. Leve e sério, risonho e sofrido, este livro é escrito com prazer e lido com tranquila cumplicidade. Muito bom.