FOLHAS INÚTEIS - ALDOUS HUXLEY

Lançado em 1925, este é um dos primeiros livros de Huxley. Aqui ele é ainda um romancista inglês no sentido que um autor inglês tinha em 1925. Somerset Maugham mais exotérico, DH Lawrence menos histérico. Uma rica senhora, já entrada nos 40 anos de idade, recebe em sua rica mansão italiana, um grupo de convidados. Eles lá se hospedam, se envolvem amorosamente, conversam sobre arte, vida e sentido da vida, viajam à Roma, retornam e definem sua vida futura. Tudo isso contado em estilo seguro, elegante. Já se percebe o futuro de Huxley? Não, claro que não. No jovem Huxley é impossível perceber o autor filosófico e muito menos o curioso pesquisador cultural. Vemos no final do romance uma longa conversa sobre morte e vida, solidão e sociedade, mas nada que pareça fazer eco à livros como A Ilha ou As Portas da Percepção. Ingleses falando de budismo era comum em 1925. --------------- De qualquer modo é interessante ver um dos personagens dizer que em 2100 o mundo estará reduzido a um tipo de Aldeia, onde todos pensarão do mesmo modo sem jamais ousar pensar por si mesmo. E isso será obtido não pela força ou pela volta ao simples e básico, mas pelo prazer sintético, pelo entorpecimento através de diversões sem fim. ------------------ Pouco depois Huxley lançaria CONTRAPONTO, um dos livros chave do século XX, um tipo de sinfonia sem música. Folhas Inúteis é um ensaio para o que virá. Huxley divide o livro em 4 sessões, e em cada uma exercita um tipo de abordagem e procura um diferente objetivo. Tudo começa como uma espécie de comédia de bons modos, se torna um romance quase em estilo Jane Austen, então veste a roupa de uma narração de viagem e termina como discussão filosófica. Inglês até o osso, Huxley tenta fazer aqui um quadro contrastante do modo inglês e do modo latino. --------------- Sim, ele não consegue nada do que se propõe. Mas lemos isto com interesse. Um belo rascunho.