O BEM AMADO - EVELYN WAUGH

Waugh foi um dos grandes escritores ingleses do século XX e até os anos de 1980 era muito famoso. Depois, como aconteceu com 90% dos escritores do mundo, ele sumiu dos cadernos culturais. Waugh era um satirista, na bela tradição britânica de Swift e Sterne. Dele já li tudo e releio este curto volume sobre a California. ---------------- Tendo ido à Hollywood nos anos 40. Waugh trouxe de lá as piores impressões. Ele não suportou tanta infantilidade. Os americanos do oeste lhe pareceram pouco mais que crianças bonitinhas, apenas isso. Tudo o que falavam, pensavam ou queriam era digno de um aluno de 7 anos razoavelmente dotado. Eram acima de tudo ingênuos, crédulos, faceis de manipular. Pois bem. Com esse pensamento, Waugh poderia escrever sobre o cinema de lá, ou a politica, ou um pseudo policial. Mas não. Ele foi no amago do humor muito negro, seu tema são os maquiadores de cadáveres. ---------------- A ação fala de um inglês, jovem, que vive por lá. Poeta, ele ganha a vida como funcionário de um cemitério de bichos. Esse jovem se apaixona por uma genial maquiadora de cadáveres humanos. Forma-se um triãngulo, pois ela é noiva de seu chefe, o gênio do embalsamento. Waugh usa esse ambiente para revelar o grotesco de uma sociedade que ama apenas o que parece bom, oposto radical da velha Europa, cínica, amoral, decadente, maliciosa, adulta, má. Sim, Waugh confessa que é um tipo de novela de Henry James maldosa. Ao final, como em James, a americana sofre por sua imaturidade e seu auto engano, e o inglês se revela um malandro sem sentimento algum. Ele se dá bem, pois explora a tolice dos americanos, e aos californianos resta apenas continuar sua vida "linda" de gurus, novas religiões, cadáveres sorridentes e cachorros humanizados. --------------- Waugh deve ter sido um cara mau, muito mau. Paulo Francis dizia que ele era. Sua obra, que eu amo, o confirma.