ESPIONAGEM NA INGLATERRA E UM LIVRO MUITO PERIGOSO

Acabo de ler que um dos serviços de contra espionagem inglês possui um comunicado onde se lê: " Qualquer pessoa que for vista com o livro 1984 de Orwell, ou obras de Joseph Conrad, Tolkien, CS Lewis será considerada uma perigosa extremista de direita. Livros que pregam a contra revolução não podem ser tolerados. " Pasmado? Eu não. Esse movimento não é novo e durante a pandemia foi bastante solidificado. Na crise do vírus, governos perceberam que a população é hoje facilmente comandada. Quem foi e é crítico será sempre chamado de extremista. E de direita, porque quem não aceita a "união pelo bem " só pode ser um egoísta e todo egoísta é direitista. ---------------- Um técnico mostra na NET, com imagens, que a AI, a inteligência artificial que começa a ser dada agora para uso geral, já está ideologizada. Se voce pede para o cérebro eletrônico criar um poema sobre Bolsonaro, ele responde não poder criar nada que seja sobre política. Mas se voce pede um sobre Lula, ele te dá um longo poema sobre o heroi. ---------------- Eu não fico surpreso e nem alarmado. O bom senso prevalecerá. A incompetência da esquerda destroi a ela mesma. Aliás, acabo de reler mais um livro de Evelyn Waugh, e ele não entra na lista da Inglaterra porque ninguém mais o lê. MALÍCIA NEGRA foi escrito em um tempo em que as pessoas discutiam, não cancelavam e fingiam ignorar. Seria interessante ver um lacrador de 2023, um típico comedor de ostras da Vila Madalena lendo este livro. Como um nazista, ele provavelmente o queimaria na calçada. A sátira demolidora de Waugh fala de um imaginário país africano onde a crueldade e a corrupção impera. O presidente só se preocupa em parecer chique e fino, gasta fortunas em decoração e palácios, seus aliados o traem por qualquer quantia, o exército é antigo e sem disciplina, os estrangeiros brancos vivem em ócio impotente e loucos para fugir do lugar, cenas e mais cenas de assassinatos, roubos, fugas, troca de favores. Fome e miséria para o povo, uma nova limusine para o líder. Waugh jamais pensa estar sendo racista, ele simplesmente cria uma ficção que espelha a realidade. A África dos anos 60 era exatamente aquilo e escrever sobre o que se via não era ofensivo ou proibido. Não era coisa de chato de direita. Era a época de Idi Amin comendo a carne de seus rivais e de guerrilhas dizimando quem não lutasse por elas. Não houve um só país da Africa negra que não fosse vítima de líderes metidos à besta. Waugh nos faz sentir nojo e rir amargo. Sim, o livro é uma comédia. -------------------- Estou surpreso por ainda não terem se metido a criticar Jung por sua fé na INDIVIDUAÇÃO. Talvez porque Jung foi tomado por charlatâes que só percebem nele aquilo que desejam ver. Já Eliot, assumidamente conservador, é complicado demais para um militante censor e por isso ainda não foi atacado. Toda censura é burra e ao mirar em Orwell ou Tolkien eles esquecem do muito mais perigoso, para eles, Nietzsche, o homem que pregava o indivíduo sobre tudo o mais. Literatura de valor é sempre anti grupal e aqueles que tentaram ou foram fortemente socialistas envelheceram rapidamente: Gorki, Brecht, Shaw. Neruda só é lido na América do Sul, continente que nunca irá sair de 1968, e Saramago já começa a exibir teias de aranha em sebos. Mesmo autores "de esquerda branda", quando lidos com isenção, revelam, se são muito bons, um individualismo imenso, um descompromisso com revoluções, uma desconfiança às promessas de união pelo bem. Os ingleses vão ter de queimar mais livros que os nazis queimaram em 38.