VOCE É DONO DO QUÊ?

Hoje não somos mais donos de nossos cães, somos tutores. Eu permaneço sendo dono dos meus. Interessante essa palavra, dono. Ser dono de seu nariz. É um mundo que diz que somos donos de nosso corpo, mas onde não podemos ser donos de um cachorro. Cinismo, pois sabemos que posso tratar meu cão como objeto e nosso corpo adoece e morre sem nos obedecer. -------------- A frase guia da NOVA ORDEM MUNDIAL, organismo que se dizia ser invenção paranoica mas que hoje se revelou fato comum, é VOCE NÃO TERÁ NADA E SERÁ FELIZ. Parece uma ordem não é? Então vejamos...Voce não terá coisas, irá as acessar. Não terá uma casa, irá financiar em 40 anos ou alugará. Usará metrô e não acumulará bens. Tudo que voce precisa será dado por um smartphone: livros, filmes, música, voce nada terá a perder pois nada terá para perder. ---------------- Historicamente, basta ler qualquer livro de história, a tirania se impõe onde a população nada possui. Uma pessoa pobre tem duas atitudes diante do poder: a indiferença de quem nada tem a perder, ou a humilhação de esmolar uma ajuda. Só resiste à tirania quem tem o que perder, quem se apega àquilo que possui, quem é dono de alguma coisa. Mesmo que essa coisa seja "seu nariz". Foi assim no mundo antigo, todo ele miserável, foi assim na Alemanha falida de 1929, na Russia de 1917, na Africa inteira, e em Cuba, Nicaragua, Venezuela, Portugal em 1920, e Espanha de 1936. Uma classe média numerosa e forte é a garantia contra a tirania. Apegados ao que possuem, essa classe não admite que o estado se enfie dentro de sua casa, que toque seus bens, mesmo que esses bens sejam apenas meia dúzia de objetos amados. A liberdade nasce do TER. Como falei, aquele que nada tem se torna indiferente. A base da democracia é o amor à sua casa, seu bairro, sua cidade e seu país. As suas coisas são suas e elas são protegidas por sua comunidade. Por isso que Inglaterra, USA ou França nunca conheceram ditadura ( os europeus desde que criaram uma classe média, pós industrialização, os USA já nascem como nação classe média, republicanos ). ------------- Observe como todo ditador tem ares de aristocrata. Eles sonham em ser imperadores e odeiam o cheiro vulgar-classe média- da república. -------------- Então não sejamos cegos, toda ditadura tende a amar os muito, muito ricos, necessitar dos pobres, muito pobres e destruir os que estão no meio. Amam os ricos porque amam o brilho e a pompa e precisam de quem os financie. Muito ricos sabem que em momento de crise as oportunidades brotam do chão. É a hora de triplicar a fortuna. Aquele edifício que custava 100 milhôes pode ser comprado por 20. Os empregados que pediam 5 mil se contentam agora com 3. O milionário é indiferente a tirania por ser imune à ela. E mais que isso, por enriquecer com ela. -------------- O tirano precisa do pobre porque é ele quem lhe dá suporte. Indiferente ou pedinte, ele não representa perigo nenhum. Qualquer esmola é para ele um tesouro. Mas a classe média....aí vive o problema do tirano. Ela quer ser dona de seu destino, e por não poder ser livre como um milionário, pois ela está atrelada ao país, ao território, enquanto todo milionário pode ser do mundo; essa classe média precisa então lutar pela liberdade de TER e de poder FAZER, e na hora mais dura, luta por PERMANECER. A classe média quer ser rica, quer ser livre, quer mandar. Então, para todo tirano, é ela a inimiga. É ela que atrapalha, estraga o plano, exige e não esmola. ------------- O que vemos hoje no mundo? A perseguição, como nunca vista, à classe média. Todos seus valores-costumes-bens estão sob suspeita. Tudo que ela construiu-ama-quer preservar está sob ataque. Instigados pelos novos tiranos, massas de despossuídos e de novos despossuídos espirituais, atacam sem trégua, tudo que lembre os tais "valores vulgares classe média". O super poder percebe estar à um passo de tipo de governo perfeito, aquele descrito por Huxley, a tirania em que o oprimido ama o opressor. Em que o cidadão nada tem, mas é feliz. -------------- As únicas pessoas que ainda procuram não abrir mão de nada, não desvalorizar nada, permanecer amando aquilo que sempre amaram, é a classe média. Não há outra saída, serão eliminadas ou vencerão.