MELHOR ANO? TENHO UMA OPINIÃO E VOCE TEM A SUA. MAS EXISTE A VERDADE

Tudo é opinião no mundo de agora mas não se engane, a verdade existe. E a verdade vive na multiplicidade de opiniões, voce as escuta até perceber um padrão sólido, que não muda. Isso porque a verdade é sempre imutável. Posto isso digo que um jovem amigo, bem jovem, me pergunta qual foi o melhor ano na história do rock. Welllllll....dizem ser 1966, dizem ser 1968....dizem ser 1981....só não há quem diga ser 2022. ( Não pense que o tempo dá importância à um ano no tempero da saudade, em 1968 já se tinha consciência de ser aquele o melhor ano e em 1973 já se tinha certeza ser aquele um ano fenomenal ). Um dos anos mais votados é 1972 e esse é meu ano favorito. ------------- Primeiro fato meu caro: não pesquise no underground. Música alternativa é mundo de paixões exaltadas e sua marcha no tempo é sempre questão hiper subjetiva. A prova de um grande ano reside nas paradas de sucesso e no rádio popular. Essa é a amostragem do momento e é o que ficará como herança específica de uma produção no tempo. 1972 é imbatível. -------------------- Nem é preciso dizer que foi o ano em que a black music se firmou de vez nas rádios brancas. Estou falando de rock, mas saiba que 72 foi o grande ano black. ------------------ Então vamos à 1972, um ano que parece uma década. Voce vai notar que os discos que vou citar estão em catálogo, seja CD ou Vinyl até hoje. São procurados, lembrados, copiados, citados. 1972 é ano de Exile on Main Street, último disco realmente grande dos Stones. E também de Ziggy Stardust, e imaginar esses dois LPs, pendurados numa vitrine, ao mesmo tempo, é um luxo. Mas houve mais, e esses dois talvez nem sejam os melhores do ano. Houve Transformer de Lou Reed e All The Young Dudes, do Mott The Hoople. E The Slider, do T.Rex foi o disco que dominou o ano em Londres. Elton John lançou uma obra prima, Honky Chateau e Alice Cooper teve Schools Out. 1972 é o ano de Made in Japan do Deep Purple e de Black Sabbath Volume IV. Bryan e Eno lançaram o primeiro do Roxy Music e o Jethro Tull teve nas vitrines o LP com capa de jornal. Close to The Edge do Yes ao lado de Led Zeppelin IV lançado em dezembro de 71. Gary Glitter ecova o single RocknRoll e Paul MacCartney mandou vários hits para as rádios. O rock alemão estava em seu auge e todo o novo country americano ainda tinha alguma graça. As ondas sonoras pulavam com canções alegres ou docemente tristes: Day After Day é um belo exemplo. Os Faces tinham nas paradas seu melhor momento com Blind Horses e o Status Quo fixava seu estilo boogie, estilo que eu adoro. Rod Stewart continuava sendo um artista sério e muito popular e Never a Dull Moment era seu disco do ano. Ter dinheiro e entrar numa loja de discos devia ser fantástico, em 1972 eu era muito criança e só entrei em lojas no ano de 1974. Em 1972 Queen, Genesis, Foghat, Gentle Giant, Dr Feelgood, Be Bop de Luxe, Robin Trower, Suzi Quatro estavam no ponto para estourar e o ELP tinha o maior show dos palcos. Jeff Beck estava em excursão e Johnny Winter era talvez o melhor guitarrista ao vivo. Rory Gallagher era seu rival. Gram Parsons lançava seu primeiro grande disco, JJ Cale começava sua carreira virtuosa e influente e mais um monte de bandas fofas e brilhantes invadiam as paradas da Europa: Sweet, Middle Of Road, Son of My Father do Giorgio, Lynsey de Paul. Nos EUA era tempo de Three Dog Night e Bread. Houve o super disco ao vivo de The Band e mais Humble Pie, Free e Dr. John mandando ver. Tudo isso no mainstream. Nada aqui era para nerds musicais, era tudo isso coisa de loja de disco, de rádio, da Billboard. Ligar o aparelho e sintonizar em qualquer rádio AM era sempre uma experiência interessante. E não se esqueça, botando pimenta nisso tudo havia a black music de Al Green, O´Jays, Temptations, Marvin Gaye, James Brown, Stevie Wonder, War, Kool and The Gang, Rufus, Harold Melvin, Stylistics, Billy Paul, Billy Preston, Blue Magic, George Clinton, Curtis Mayfield, Roberta Flack....a lista não termina.