UMA CENA PERFEITA ( POSTADA ABAIXO )
Observe essa cena em OS INOCENTES. Voce entenderá o que é cinema, o que ele pode ser. Cada olhar, tanto da governanta como da criança tem uma mansagem, um significado. Nada prevê a aparição do fantasma. Quando ele surge, não há trilha sonora assustadora, não é noite, nem gritos, nada. Apenas uma imagem escura, imóvel, COMO SE ELA FIZESSE PARTE DA NATUREZA. A reação da governanta não é histérica, é espanto-medo real. A criança, maldosa, mostra o inocente narcisismo, o egocentrismo infantil. Cada frame é de beleza sublime, mas a beleza não é um artifício para maquiar o vazio de ideias, a beleza tem uma função: criar o irreal dentro do cotidiano, a aparição. Desde que vi esse filme, aos 18 anos em 1980, sempre imaginei que fantasmas, se existem, surgem assim: como uma sombra imóvel e muda em plena luz do dia. Como uma MANIFESTAÇÃO DA NATUREZA, portanto natural. A cena impressiona porque mostra o fantasma como natureza. Exatamente aquilo que James pensava.