ALDOUS HUXLEY- A ILHA

As crianças podem sair de casa e escolher outra família. E essa troca pode ser feita quantas vezes ela quiser. Não há igreja, mas há religião, um tipo de Deus feliz rege a vida de todos. Sexo é livre a partir dos 14 anos de idade. Cirurgias são feitas usando a hipnose como anestésico. Não há tempo porque não existe progresso. Um jornalista sofre um naufrágio e se vê nessa ilha dos mares do sul. Escrito em 1960, é um dos últimos livros de Huxley, ele morreria em 1963, no mesmo dia que John Kennedy. Talvez por isso seja de longe o pior livro de Huxley que li. O romance, longo, nada mais é que uma série de conversas entre o jornalista e uma mulher que vive na ilha. Com a perna quebrada, ele passa lá sua convalescença. Não pense que é uma ILha Misteriosa ou coisa assim. É apenas uma pequena ilha em 1960, que é conhecida, consta dos mapas, mas que é fechada para qualquer influência externa. Huxley critica o socialismo e o capitalismo, para ele duas formas de opressão, e elogia essa sociedade livre da ilha. Eis o problema, Huxley parece ingênuo, pela primeira vez ele erra. Crianças sem pais, crença sem regras, sexo sem compromisso, hoje sabemos ao vazio absoluto que tudo isso leva. Hoje sabemos que esse vazio não traz felicidade, antes traz tédio e depressão. É um sociedade, sinto dizer, NEW AGE, e Huxley, quem diria, antecipa o mundo de certas comunidades do primeiro mundo. Pessoas que se guiam pelo prazer e só pelo prazer. Não funciona. No primeiro acidente, na primeira emergência elas se portam como as crianças eternas que são. O mundo da ILHA é um berçário.