VLADIMIR HOROWITZ TOCA RACHMANINOFF
Criticos não gostam de Rachmaninoff. Acham sua música popular demais. Hoje ele é um pouco mais aceito. Não muito. Talvez porque hoje nada no canon erudito seja popular demais. Eu gosto dele. Claro que há em sua música algo de exibicionista. É música feita para pianistas estrelas. Difícil de tocar, são milhões de notas. Ele jamais coloca duas notas, ele coloca dois milhões. O piano, o mais vaidoso dos instrumentos, rodopia em meio a acordes que nascem como gotas numa tempestade. O pensamento do autor russo é: Se é para dizer, façamos um discuro. Estou sendo severo? Claro que não. Em que pese seus exageros, Rachmaninoff é sempre belo. Estrela no começo da era da música gravada, negou a música de seus colegas ( Stravinsky, Prokofiev, Bartok ), por isso a má vontade da crítica. O mundo dele é o do romantismo de Liszt e de Chopin. Vladimir Horowitz, o mais mitológico entre os pianistas super stars, está em casa. Seus dedos sorriem. Todas as notas estão aqui. Neste cd da RCA, ele executa a sonata 2, o prelúdio 32 e o terceiro concerto, este com a orquestra da RCA sob Fritz Reiner. Tudo gravado ao vivo entre 1951-1981. Melancolia e brilho harmônico em doses sem avareza. Feliz o tempo que produziu coisas como essas.