O GÊNIO E A DEUSA - ALDOUS HUXLEY

" O mal da ficção é que ela faz sentido demais. A realidade nunca faz sentido". Essa é a primeira frase deste livro, curto, de Huxley. Lançado em 1955, nos vemos no centro de um caso de amor. Amor recordado, anos mais tarde, por dois amigos que conversam. As personagens: Um gênio e sua esposa, um jovem que começa a trabalhar com o gênio ( é ele quem recorda ), a filha de 13 anos do casal e o filho de 10 anos. Huxley nos mostra a vida, acontecimentos sem porque, sem lógica, sem consequência. O gênio é um quase idiota, velho, super sexuado, brilhante em ciência e incapaz de viver só ou de cuidar de si mesmo. A esposa é a Deusa. Uma fonte de vida. Auto confiante, bela, à vontade em tudo que tem respeito à Terra. Mas ela, mesmo ela, será surpreendida pelo inesperado. O mais interessante em Huxley é que o inesperado é óbvio. Parece estranho? Aquilo que faz da vida algo sem enredo, desarrumada, vaga, é o mais comum e normal dos fatores da equação: a Morte. Alguém morre na história do livro, e então toda a vida das personagens perde sua arrumação. ---------------- Wittgenstein dizia que é impossível falar da morte porque ela não faz parte da vida e portanto não faz parte da linguagem ou do pensamento. Ninguém jamais provou a morte. Ninguém conhece a morte. Ela está radicalmente fora de tudo o que existe no universo. ----------------- Huxley faz a morte irromper e anarquizar a vida. Por fim, uma constatação: Como é bom ler esse tipo de autor! Sábio sem ser negativo, profundo e jamais obscuro, civilizado e elegante. Huxley tem muito o que falar, e fala. E eu, ansioso por saber, escuto lendo.