TOMMY. AQUELE FILME DE KEN RUSSEL BASEADO NA OBRA DO THE WHO

Na primeira vez que o assisti, Tommy me causou repulsa. Raras vezes eu havia visto até então um filme visualmente tão feio. Não era apenas a falta de beleza, era o grotesco. Cenários, roupas, luz, tudo era berrante, exagerado, nervoso, sanguineo. Era o estilo de Ken Russel, estilo que nos anos 80 iria atinger seu zênite. A música do The Who se perdia naquela mixórdia. Pois bem, revisto pela terceira vez, ontem, ele me pareceu aquilo que realmente é: um filme tosco com excelentes músicas. Não mais o mais repulsivo. Hoje tenho muitos anos de filmes horríveis nas costas. Nem parece mais tão mal encenado. Suas grandes falhas são aquelas que eu não notara quando da primeira vez: a história medíocre da opera rock de Pete Townshend, e a voz Broadway de Ann Margret. ------------------------ Ann Margret é uma atriz adorável e sexy. Estrela. Mas sua voz não combina com aquilo que a trilha sonora deveria ser. Ao lado de Roger Daltrey ela parece de outra era, e ao lado de Oliver Reed parece controlada demais. Incomoda. Quando ouvi o disco, aos 13 anos, muito antes de ver o filme, odiei aquela voz de palco, de musical chique, antiga. ------------ Quanto a história de Pete....vamos ver se consigo me explicar....a força do rock, a inteligência do rock, e Pete é um dos mais articulados, não reside em ideias complexas, ela vive no impulso, no irracional, na força do sangue. Sempre que uma pessoa do meio rock tenta produzir algo mais complicado, seja livro ou filme, peça ou album ambicioso, a coisa soa forçada. É assim com Dylan escrevendo livros, Paul MacCartney compondo sinfonias ou Pete em ópera rock. Tommy é pobre como filosofia, pobre como conto religioso, e sem sentido como obra de arte séria. A saga do messias que é negado por seus seguidores não se sustenta. É inconvincente. Mas, e vai aí um grande mais, músicas como Amazing Journey, Sparks ou Sally Simpson são maravilhosas. Obras primas dentro do meio. Arte em seu direito pleno. ------------- Visto hoje é uma coleção de clips que vão do ruim ao ok.