TEREMOS DE FALAR DE RACHMANINOFF
A crítica preconceituosa dos anos 70 me fez desprezar Rachmaninoff. O crime do compositor russo era ser amado por muita gente. Diziam que ele era simples demais, apelativo demais, um romântico perdido no século XX ( ele viveu até os anos de 1940 ). Maldita crítica! Os escribas impunham a arte apenas dois caminhos: ser sempre nova ou então ser panfletária. Rachmaninoff não era nem uma coisa nem outra. Ele era penas belo. E por isso o público o amava. -------------- Eu não digo que a crítica estava sempre errada. Tchaikovski é realmente ruim. Mas a música de Rachmaninoff é forte, é bonita e seduz qualquer um que queira apenas ouvir. Ouço A ILHA DA MORTE. E percebo que sua diabólica gravidade é assustadora. São montes de sons, metais e percussão, que ecoam como destino maldito. É música que pesa sobre nossa cabeça e que desfaz o momento presente. Topo aqui com meu velho problema: como dizer em palavras o que não usa o verbo para se expressar? Posso falar sobre o que senti então: Fatalidade. Ele compôs um perfeito cântico sobre o azar. ----------- Sua inspiração foi a barca que levava as almas ao Inferno cruzando o rio Styx. Há odor de morte nessa música. Rachmaninoff popular? Não aqui. Não aqui. ------------------- Mas sempre há a beleza para nos dar sentido. Um de seus prelúdios, postei acima, justifica qualquer estada no inferno.