BEETHOVEN, SONATAS 14, 26, 24, 23.

Piano...é meu instrumento favorito. Isso em música clássica. No jazz eu prefiro a bateria e no rock, perdoe a falta de originalidade, a guitarra. Chopin faz o piano voar e chorar, Debussy transforma piano em coisa imaterial e Beethoven faz do piano uma orquestra inteira. Ele bate, soca, esmurra o instrumento sem dó. E em seguida faz com que o piano harmonize timbres que não cessam de brotar do éter. Foi ao piano que a maioria dos compositores criava, e a sua invenção, meio do século XVIII, fez com que todos os outros instrumentos mudassem. Mozart conseguia transformar as teclas em pés de bailarinos, Haydn deu ao piano sua estatura de gigante. Mas Beethoven...ele criou a imagem que temos até hoje: o pianista como um titã. O instrumento onde a alma podia falar. A sonata 14, por exemplo, tão conhecida, é a trilha sonora da alma em tempestade, e como para Beethoven a alma é um furacão, aqui temos o som do espírito em sua nudez. Nunca alguém criou tanta emoção, falo do primeiro movimento, com sequencia tão simples de notas. Depois vem uma pausa, e ao terceiro movimento nasce uma difícil e tortuosa trilha de sons ascendentes. O pianista luta. A música vence. -------------- Dizem ser nas sonatas que vemos o Beethoven mais verdadeiro. Penso que 90% dos compositores se revelam diante das teclas. E também acho que no mundo da música clássica, pianistas são mais fantásticos que maestros. O nome que ouço é Robert Casadesus, um dos grandes, em gravação de 1953, CBS.