AARON COPLAND
Ouço algumas boas gravações de Copland. Todas da Columbia feitas entre 60 - 75. Grandes maestros: Ormandy, Bernstein e o próprio Copland regendo a si mesmo, em Londres. Para quem não sabe, Aaron Copland é talvez o mais respeitado compositor americano do século XX. Eu prefiro Gershwin, talvez até mesmo Barber me agrade mais, mas Copland tem um respeito artístico que os outros não possuem. Ouço então Fanfare for Common Man, Hoedown, Billy The Kid, Appalachian Spring. Nenhuma delas me aborrece, mas nada me empolga. Noto então: a música erudita americana sempre tem alguma coisa de música para cinema. É como se na América, país que detesta a abstração, fosse quase impossível fazer música que fosse tão somente música. Noto que na meio da obra sempre vem a sugestão de imagens, de movimentos, de paisagens e quando não, de dança. A música erudita americana parece feita para ballet, ela tem sempre uma outra função, um uso além da música em si. Copland, nascido em 1900, na alvorada do século americano, tem esse aspecto de em meio a partitura, sugestões de passos de dança e de cenas de filmes brotarem desabaladamente. Nada de errado nisso, mas chega um momento em que voce ansia por música que seja música, sons que não procurem se justificar em outras artes, melodia e ritmo que remeta aos ouvidos e ao coração, ao cérebro e a alma, e não a imagens sugeridas. Hoedown é a mais interessante, uma vibrante coleção de momentos de western. No mais, ouso dizer: esqueçam Copland.