RICHARD WAGNER, O HOMEM QUE DEU ORIGEM AO "WAGUINÃO"

Richard Wagner foi uma estrela tão grande, que no Brasil seu sobrenome virou nome e Wagner passou a ser "Guinão" ou "Waguininho". Ele levou a idolatria a níveis nunca vistos e conseguiu até mesmo criar Bayreuth, um festival anual onde desde então suas óperas são encenadas. A cidade alemã vive em função de Wagner. O último e o maior dos românticos, Wagner levou aos limites o sonho do romantismo: seu ego cresceu às alturas de Napoleão e sua obra se tornou paradigma. Tudo que veio após Wagner era consequência de sua obra. Mesmo aqueles como Verdi e Brahms que eram seus oponentes. Mas o que exatamente ele fez? ------------------------------- No campo puramente musical, ele libertou a orquestra da submissão ao canto. Quando ouvimos Rossini ou mesmo Mozart, notamos, surpresos, o quanto a orquestra é submissa a voz. Toda a ópera existe em função do cantor. O acompanhamento fica ao fundo, em Rossini e nos italianos em geral, bem ao fundo. Wagner faz da voz humana mais um instrumento. Voz e orquestra dividem atenção. Outro fato: tudo é cantado em alemão. Apesar da Flauta Mágica ser em alemão, toda ópera, de todo país, tinha de ser em italiano. Isso foi revolucionário, pois foi um ato de rebeldia nacionalista. Wagner afirmou a existência da nação alemã. E como tema de sua obra, criou uma mitologia germânica, o passado medieval alemão, passado que só existiu na sua cabeça. Afirmando seu ego Wagner afirma a Alemanha. --------------------------------- Nietzsche a princípio viu em Wagner o Super Homem, o ser superior dono de seu destino. Mas eles logo brigaram. Nietzsche começou a perceber em wagner o culto da morte e não da vida. Não havia sol no alemão e Nietzsche passou ao lado dos italianos, os solares mediterrâneos. ------------------------- Paulo Francis amava Wagner e gostava de dizer que ouvir Wagner sob efeito de maconha era uma experiência "muito louca". Como todo wagneriano, Francis ouvia Wagner em qualquer ocasião. Servia para amor e para guerra. Desculpe Francis meu heroi, mas ao ouvir Wagner ontem, versão Karl Bohm, Sinfônica de Viena, o odiei muito. A música de Wagner é para mim insuportável. Não faz sentido! Faço minha as palavras de seus críticos de 1880: é somente barulho. Melodias rudes, secas, sem sentido, desenvolvimento atabalhoado, pianíssimos e fortes que se sucedem sem parar....Wagner ama variar o volume e parece uma criança brincando com o botão de High and Low. Não consigo prestar atenção em Wagner. Não me diz nada. É aborrecido. Okay, sei que sou um leigo, mas por Jorge!, consigo sentir em Prokofiev a arte em seu barulho e na riqueza de Dvorak suas linhas melódicas. Nada sinto de bom em Wagner. Nada. Tudo é exagero. Tudo é histeria. Tudo é....sinto muito....adolescencia. --------------------------------------------- Wagner sonhou em criar a arte total: na ópera tudo seria superlativamente misturado: música, teatro, arquitetura nos cenários, pintura, literatura no texto. Dizem que o cinema fez de seu sonho uma realidade. Tendo a concordar, Wagner faria filmes se tivesse nascido 50 anos mais tarde. E talvez resida aí sua fraqueza. Como algumas boas trilhas sonoras de grandes filmes, sua música talvez pareça mais viva quando no palco. É preciso cenário. É preciso luz. É preciso cor. Então não seria a música de wagner música pura, mas sim música de cena. Ele daria um genial diretor de musicais na Hollywood dos anos 50. E nisso vai meu elogio sincero.