QUEM É RORY GALLAGHER

IRISH TOUR 74 é considerado não só um dos 5 melhores discos ao vivo já gravados, como também um dos melhores shows já filmados. Era o auge da guerra na Irlanda do Norte, o IRA botando bomba em tudo e ninguém ousava fazer show por lá. Mas não Rory. Nascido em Belfast, ele foi no olho do furacão e mandou ver. Mas quem é esse cara? --------------------------------- Não há como gostar de guitarra sem ficar empolgado com Rory Gallagher. Existe um tipo de músico que podemos chamar de "músico dos músicos". São instrumentistas que nunca chegam a ser estrelas tipo A+, mas que possuem um vasto fã clube e principalmente têm o respeito dos outros músicos. A gente pode citar no jazz Lester Young e Ben Webster no saxofone, Kenny Clarke na bateria ou Clifford Brown no trumpete. No rock, na guitarra, temos gente como Peter Green, Robbie Robertson e principalmente Rory Gallagher. Vejo um doc atual sobre ele, onde Johnny Marr, Slash, Brian May, The Edge, Peter Weller tecem detalhes do quanto Rory é único. ---------------------------------------------- Ele surgiu em 1966 num grupo que se tornaria o Taste. Banda irlandesa, eles logo ficam famosos na Europa, mas não nos USA. Em 1971 Rory parte para carreira solo. E que solo! Em 1972, em meio ao auge de Jimmy Page, Jeff Beck, Steve Howe, Marc Bolan, Mick Ronson, John McLaughlin, Santana, Ritchie Blackmore e imenso etc, os leitores ingleses escolhem Rory o guitar player do ano. O estilo dele? Imagine Eric Clapton com uma dose enorme de Angus Young. Isso é Rory. Blues. Mas tocado como se fosse hard rock. Técnica, mas unida a suor e testosterona. O rock dos anos 70 perdeu relevância quando a testosterona foi para o lixo. Técnica exibicionista. Músicos disputando quem tocava melhor. Rory era um dos melhores, mas jamais sentiu a tentação de ir para o espírito do jazz. Manteve a raça. Era irlandês. -------------------- O disco Irish Tour começa como se fosse um trem explodindo na estrada. E por uma hora ele não perde vapor. A banda é digna dele. A ebulição de seu som é uma aula de alegria em estar vivo. Ao vivo! ---------------------------- PS: Poucos discos são tão ofensivos para o que se chama rock em 2021.