CAMILLE PAGLIA E OS GRUPOS DE PRESSÃO

Paglia é a melhor das feministas. Voce a conhece. Até os anos 90 ela era amada por 100% delas. Hoje ela é posta de lado. Leio um texto de agora dela. Paglia diz, com sua elegância habitual, que o feminismo se radicaliza e assim perde força. Ela diz que o alvo do feminismo sempre foi justo. Tão justo que não havia como ser contra ele sem parecer idiota. Feministas queriam salários iguais. Oportunidades iguais. Jamais serem dominadas pela maior força física do homem. Liberdade sexual. Reconhecimento de sua capacidade intelectual. Todas essa reinvindiações eram justas, óbvias, sinceras e ponderadas. Irrefutáveis. Porém, como acontece em todo grupo forte, pessoas doentes, desequilibradas, perturbadas, começaram a se juntar ao grupo. E, como esse tipo de gente é imbuída de teimosia, começaram a dominar o grupo. A pauta deixou de ser igualdade, passou a ser superioridade, e por fim, vingança. Como consequência, pessoas racionais começaram a se afastar do feminismo, quando não se tornaram adversárias. Paglia diz que isso está acontecendo também com a esquerda. A radicalização dos companheiros obtusos, dos que tentam mudar língua, sexo, modo de amar e até a compreensão da vida, faz com que muitos, os mais racionais, se voltem à direita em busca de algo que faça sentido. Nenhum direitista me fez ser conservador. Li Roger Scrutton e Chesterton por ser conservador, e não para me tornar um. O que me fez fugir da esquerda foram os esquerdistas. Estudar na USP. Ouvir Marilena Chauí falar. Trabalhar ao lado de esquerdistas militantes. Foram experiências que me fizeram sentir a tal ansia por algum sentido, por alguma razão, por algo de sincero. Na USP eu vi greves burras, estúpidas, imbecis. Em Marilena presenciei o esnobismo nojento da classe média que se vê como dona absoluta do saber. E no trabalho presenciei o cinismo dos que falam uma coisa e fazem seu oposto. Paglia sabe o que fala.