MUDA TUDO: 1985, O ANO MAIS SEM NOÇÃO DA MINHA VIDA

Então eu entro em 1985 com o coração partido. A mulher mais "roxy" que conheci se revelou uma frustração. Como reação tipicamente imatura, joguei fora tudo que eu amara em 1984. Nunca mais as bandas do ano "roxy" me pareceram amáveis. Tudo nelas me lembrava, e lembra ainda, tristeza. Em janeiro de 1985 houve o Rock in Rio. A crítica desancou o festival. Diziam que só bandas mortas e lixo iriam vir. Para a Folha e Estadão, Queen, AC\DC, Iron, eram a pior coisa do mundo. Mentiram muito. Diziam que em Londres ninguém mais os escutava. A gente acreditava nisso. Mas eu assisti pela TV. O JN tirando uma da cara dos tais metaleiros. Tratados como se fossem sub humanos. Para a Globo só Al Jarreau e George Benson eram legais. Vi o AC\DC querendo rir. Vi para concordar com a Folha. Eles seriam a "banda decadente que só brasileiros ainda ouviam". Foi os asssitindo que recordei do garoto do rocknroll que eu sempre fora. Não comprei disco algum do AC\DC. Mas 1985 nasceu vendo Angus na Rede Globo. Voce deve ter notado que 90% do que era "novo" nos anos 80, até 1984, era britânico. Os EUA continuavam vendendo mais, mas musicalmente era uma cena árida. Havia Talking Heads e Ramones, Blondie e The Cars, Devo e B'52's, mas em quantidade não se podia comparar às ilhas. Mas....a coisa tava mudando. Havia nos EUA um movimento anti afetação. Pela volta da simplicidade. Em 1985 descobri isso. REM e RED HOT CHILI PEPPERS. Meus amigos acharam que eu havia pirado quando falei que o futuro era deles. Não seria do Ultravox. Nem do ROXY. Seria do rock feito com guitarra. FABLES OF RECONSTRUCTION eu comprei assim que saiu. É o disco menos querido pelos fãs da banda. É de longe meu favorito. É gótico americano. É poético. Viril. FREAKY STYLEY dos RED HOT. Vivo. Sexy. Os dois eram o contrário de tudo que eu escutava antes. Eu intuí que eram a saída. A resposta. Acertei.