BEGEGNUNGEN - ENO MOEBIUS ROEDELIUS PLANK
Capa azul e laranja. Mar, areia, alvorada. Achei este cd, made in USA, por 8 reais. De 1978. Esperei semanas
para o escutar. Eu sei que ele requeria o momento certo.
Moebius e Roedelius são da banda alemã Cluster. Banda que fez parte da onda alemã dos anos 70. Eletrônica.
Plank é Conny Plank, engenheiro de som, mito, produtor, o cara que estava em 98% da onda. Nos anos 80 Conny
andou produzindo ingleses. Eno é Eno.
Então os quatro se juntam em Koln e fazem este disco. Entre 1973-1983 Eno não parava de trabalhar. Estava em todas.
Hora de ouvir o disco.
Johanneslust. Já me pega. Música feita para não transmitir emoção. Nada da tradição de Mozart e Beethoven, do blues
e do rock. Música que é como um objeto. Bonita. Elegante. Perfeita, mas não emocional. É linda.
Two Old Timers. O disco melhora ainda mais. A eletronic coisa se acentua. Loops eternos. Paisagens sonoras.
A beleza aumenta. Há um zilhão de pinceladas de luz sonora. Mas luz tem som? Aqui ela canta.
The Belldog. Talvez em termos de beleza inefável seja o cume da cordilheira deste disco perfeito. É feita de
tempo e de pensamento. Música que é som. Nada mais.
Nervos. Um maravilhoso entroncamento vivo de sonoridades. Timbres e ruídos. Ritmo. A modernidade está toda aqui.
O século XXI vem ao longe.
Acontece o milagre: Pitch Control. Gravada nos anos 70, ela anuncia tudo de melhor que viria nos anos 90. É mais
moderna e ousada que qualquer coisa feita pelo Kraftwerk. É cheia de sons que nascem e morrem, de sibilações, de
feitiçarias, de micro fragmentos, de ecos, de estouros. E tem um groove de rap.
Dem Wanderer é a paisagem do timbre. Eles conseguiram, o disco não é nem triste e nada alegre. Não transmite raiva
ou dor, é som.
Schone Hande encerra tudo. Existe melancolia neutra? Existe aqui.
Estou maravilhado.