QUANDO VOCE TEM SEDE DE SABER O QUE A VIDA É E TUDO QUE TE DÃO É O VERBO TO BE

Quando voce é jovem o seu cérebro se abre como uma flor carnívora. Ele tem fome, é um vazio que precisa ser ocupado. Então voce, a partir dos 3 anos, absorve cores de casa, figuras de livros, palavras dos seus pais, cheiros e toques. E depois imagens na tela, toda tela, canções, bichos, ruas, ruídos. E mais tarde, aos 6, histórias na TV, jogos no PC, textos simples. E vem a escola. Fascinado por cores e sons, movimentos e emoções, sensações novas, vem uma mulher entediada ou um moço afetado te ensianar coisas que voce já sabe, ou pior, não quer saber. Algo na sua intuição diz que nos próximos 12 anos voce vai aprender coisas chatas, inuteis, tolas até. Tudo simbolizado pela repetição, ano após ano, do verbo to be. Vão te falar de Pitágoras, mas só do triângulo e não da harmonia das esferas. Vão te falar de história, mas sem herois ou suspense, a geografia será apenas uma lista de dados e não um mecanismo fabuloso, a biologia será um mapa celular e jamais o mistério do mecanismo perfeito. Todo ensino terá o sabor de uma decepão e não de um mistério. Sua língua vai se tornar um arcabouço de regras e não uma festa de sentidos. É uma educação da impotência, feita para te desiludir, decepcionar, chatear. Na escola voce aprende que a vida é um tédio. Será essa a tal educação para a revolução? Formar alunos irritados e prontos para "mudar o mundo"? Poderiam mudar a educação e mostrar que aprender é travar íntimo contato com o mistério, a emoção e o maravilhamento. História sem suspense, matemática sem deslumbre, ciência sem ilumação súbita, não valem a pena.