PONCHE DE RUM - ELMORE LEONARD
Saul Bellow, Martin Amis e Stephen King eram todos fãs de Elmore. Todos eles sentiam admiração
pelo modo como Leonard usava diálogos. Ele usa muitos diálogos, sempre coloquiais e precisos,
conseguindo descrever o caráter do personagem pelo modo como ele fala. Elmore jamais diz que Ordell e Louis
são burros. A gente nota pelo modo como eles falam.
Ele dizia ter aprendido isso com Heminguay, seu autor favorito. Mas ele tinha uma crítica à Hem...
Seu coração mole. Heminguay era piegas. Estragava tudo com seu coração. Eu acho o mesmo. Ernest Heminguay
é maravilhoso enquanto não começa a se lamentar.
Ponche de Rum é de 1992. Leonard escreveu livros às toneladas. Nos anos 50 e 60 escrevia livros de faroeste.
Alguns viraram filmes ruins. Um só deu um bom filme. Depois, a partir dos anos 70, começou a escrever livros
policiais. Vários deram filmes horríveis. Três deram bons filmes. Get Shorty é o melhor filme. Irresistível
Paixão é outro ótimo filme. E Jackie Brown, do Tarantino, é este Ponche de Rum. O livro é melhor que o filme.
Jackie Brown aqui se chama Jackie Burke e é loira. Max Cherry, o pagador de fianças, é o centro do livro,
no filme não. Tarantino ama Elmore porque foi ele quem o ensinou a escrever diálogos.
O segredo dos livros dele serem tão bons é a calma. Ele desenvolve a ação com muito vagar, sem pressa,
por isso o cool se mostra. As primeiras páginas são para conhecermos todos eles. E só então descobrimos
qual o foco do livro, o que vai acontecer. É Heminguay de fato, o que vale é o diálogo, o caráter criado
pelo autor. A ação é consequencia daquilo que cada um deles é. Voce une Ordell mais Louis e dá um desastre.
Voce une Cherry mais Jackie e dá um acerto. É química.
Quero mais!