Voltei a comer carne. Foram vinte anos de vegetarianismo. Falar do porque retornei ao consumo de hamburger pode explicar o que é o mundo de hoje.
Minha decisão de parar de comer animais foi puramente piedosa. Nada de medicina. Eu amo bichos e sentia que comê-los seria uma crueldade. Tinha também a ideia de que comer animais aumentava minha animalidade. Minha alma seria mais pura não os comendo.
Cresci comendo carne. A nostalgia do sabor delicioso da carne habitava minha memória. Resistir à esse desejo aumentava minha auto estima. É claro que eu me sentia superior a quem comia bife.
Mas, estranho isso, eu adorava assistir programas de culinária na TV. Durante anos eu tinha prazer em ver um churrasco sendo assado e mais ainda em ver um gordo consumir um hamburger de 5 andares. Eu babava. E resistia.
Meu primeiro incômodo foi político. Os professores que menos gosto se gabam de sua condição vegana. Eles realmente acreditam que o veganismo é o passo seguinte da evolução. Me sentia incomodado por me parecer com eles. Deles quero a maior distância possível.
O segundo incômodo, mais sério, foi ético. Eu via um programa de TV sobre churrasco como quem assiste um vídeo pornô. E quando percebi isso me senti realmente esquisito. Eis a situação de nosso tempo: Ver e não fazer. Como quem olha fotos de viagens que jamais fará ou saliva por cenas de sexo que nunca irá se permitir, eu babava pela carne mal passada. E, pior, exatamente como um fanático religioso, me sentia superior por resistir à tentação. A carne como pecado.
Foi a partir daí que comecei a pensar. Pensar na realidade e nos animais.
Vivemos o tempo onde uma geração não aceita a realidade de forma absoluta. Sempre tivemos uma dificuldade em aceitar o lado sujo da vida, mas agora a não aceitação se tornou ódio. Pessoas não aceitam o fato da Terra ser redonda ou da biologia do sexo ser uma lei natural. Não se aceita a necessidade de existir uma obrigação e também não se aceita a história da humanidade. Tudo pode ser apagado e deletado. Mas a verdade é que não pode. E como demonstra a atual pandemia, por trás de todas essas não aceitações, vive a maior não aceitação de todas: Não se aceita a morte. Todo psicólogo sabe que por detrás de toda fobia existe o medo de morrer. Pois uma geração que cresceu matando virtualmente em games, não consegue encarar a morte real.
Antes íamos à enterros todo ano. Morria um irmão, um vizinho, um tio. E desde crianças íamos aos velórios. Meu primeiro velório foi aos 45 anos. Do meu pai. Sim, eu faço parte da geração que não aceita a morte, e portanto, não aceita a vida.
Tigres comem gazelas vivas. Cobras esmagam filhotes de zebras. Herbívoros velhos morrem devorados por hienas. Leões velhos morrem lentamente, de fome. Na natureza não se aplica o conceito de crueldade. A vida para existir tem de ser como ela é. Seu gato querido torturará um rato se puder. Irá bater nele até ele morrer. Isso durará horas.
Vegetarianos adoram falar da crueldade humana. Pois digo que somos o único bicho que sente a morte de sua vítima. Perto da forma como um elefante morre na floresta, nossos matadouros são o paraíso.
NÃO HÁ MORTE SEM DOR. NÃO HÁ MORTE BONITA. E NÃO HÁ VIDA SEM MORTE. É isso que se tornou tão difícil admitir.
Veganos querem que não se coma mais carne. E fico pensando no que se fará com o bilhão de bois e porcos que existem nas fazendas do planeta. Deixar que eles vivam até morrer? Soltar na natureza? Queimar todos? Sinto dizer que todos eles vão morrer do mesmo modo, assim como uma anta morre. E a morte desses porquinhos, de doença, seca ou fome, não vai ser nada indolor.
Então saia da frente dessa tela e coma um bife bem temperado.
E faça sexo.
Seu corpo é uma fábrica de prazer, até o dia em que a doença chegar e a morte fechar suas portas.
Não compete a nós entender porque a vida é como é. Mas aceite que voce é parte dela. Seu corpo não é virtual e seus desejos não podem ser deletados. Não há reset na vida.
Paro aqui. Meu hamburger está ao ponto e ele me chama. Toda a felicidade possível na vida está em viver de acordo com seu corpo. A alma sabe disso. E ela irá te aconchegar.
Minha decisão de parar de comer animais foi puramente piedosa. Nada de medicina. Eu amo bichos e sentia que comê-los seria uma crueldade. Tinha também a ideia de que comer animais aumentava minha animalidade. Minha alma seria mais pura não os comendo.
Cresci comendo carne. A nostalgia do sabor delicioso da carne habitava minha memória. Resistir à esse desejo aumentava minha auto estima. É claro que eu me sentia superior a quem comia bife.
Mas, estranho isso, eu adorava assistir programas de culinária na TV. Durante anos eu tinha prazer em ver um churrasco sendo assado e mais ainda em ver um gordo consumir um hamburger de 5 andares. Eu babava. E resistia.
Meu primeiro incômodo foi político. Os professores que menos gosto se gabam de sua condição vegana. Eles realmente acreditam que o veganismo é o passo seguinte da evolução. Me sentia incomodado por me parecer com eles. Deles quero a maior distância possível.
O segundo incômodo, mais sério, foi ético. Eu via um programa de TV sobre churrasco como quem assiste um vídeo pornô. E quando percebi isso me senti realmente esquisito. Eis a situação de nosso tempo: Ver e não fazer. Como quem olha fotos de viagens que jamais fará ou saliva por cenas de sexo que nunca irá se permitir, eu babava pela carne mal passada. E, pior, exatamente como um fanático religioso, me sentia superior por resistir à tentação. A carne como pecado.
Foi a partir daí que comecei a pensar. Pensar na realidade e nos animais.
Vivemos o tempo onde uma geração não aceita a realidade de forma absoluta. Sempre tivemos uma dificuldade em aceitar o lado sujo da vida, mas agora a não aceitação se tornou ódio. Pessoas não aceitam o fato da Terra ser redonda ou da biologia do sexo ser uma lei natural. Não se aceita a necessidade de existir uma obrigação e também não se aceita a história da humanidade. Tudo pode ser apagado e deletado. Mas a verdade é que não pode. E como demonstra a atual pandemia, por trás de todas essas não aceitações, vive a maior não aceitação de todas: Não se aceita a morte. Todo psicólogo sabe que por detrás de toda fobia existe o medo de morrer. Pois uma geração que cresceu matando virtualmente em games, não consegue encarar a morte real.
Antes íamos à enterros todo ano. Morria um irmão, um vizinho, um tio. E desde crianças íamos aos velórios. Meu primeiro velório foi aos 45 anos. Do meu pai. Sim, eu faço parte da geração que não aceita a morte, e portanto, não aceita a vida.
Tigres comem gazelas vivas. Cobras esmagam filhotes de zebras. Herbívoros velhos morrem devorados por hienas. Leões velhos morrem lentamente, de fome. Na natureza não se aplica o conceito de crueldade. A vida para existir tem de ser como ela é. Seu gato querido torturará um rato se puder. Irá bater nele até ele morrer. Isso durará horas.
Vegetarianos adoram falar da crueldade humana. Pois digo que somos o único bicho que sente a morte de sua vítima. Perto da forma como um elefante morre na floresta, nossos matadouros são o paraíso.
NÃO HÁ MORTE SEM DOR. NÃO HÁ MORTE BONITA. E NÃO HÁ VIDA SEM MORTE. É isso que se tornou tão difícil admitir.
Veganos querem que não se coma mais carne. E fico pensando no que se fará com o bilhão de bois e porcos que existem nas fazendas do planeta. Deixar que eles vivam até morrer? Soltar na natureza? Queimar todos? Sinto dizer que todos eles vão morrer do mesmo modo, assim como uma anta morre. E a morte desses porquinhos, de doença, seca ou fome, não vai ser nada indolor.
Então saia da frente dessa tela e coma um bife bem temperado.
E faça sexo.
Seu corpo é uma fábrica de prazer, até o dia em que a doença chegar e a morte fechar suas portas.
Não compete a nós entender porque a vida é como é. Mas aceite que voce é parte dela. Seu corpo não é virtual e seus desejos não podem ser deletados. Não há reset na vida.
Paro aqui. Meu hamburger está ao ponto e ele me chama. Toda a felicidade possível na vida está em viver de acordo com seu corpo. A alma sabe disso. E ela irá te aconchegar.