Escreveram a palavra racista na estátua de Winston Churchill. Fizeram o mesmo nas de Lincoln, Gandhi, dos soldados que morreram nas guerras e até mesmo no monumento a um batalhão negro que lutou na guerra civil. Pura ignorância e dizem que devemos perdoar a ignorância pois ela não sabe o que faz. O problema é que por trás dessa ignorância há gente nada inocente.
Harold Bloom escreveu nos anos 80 que os estudos modernos de línguas estavam destruindo o valor da literatura. Dante era estudado apenas como um macho branco e rancoroso e assim sua obra não importava mais. Dickens era outro macho branco opressor e típico propagandista do mundo vitoriano. Shakespeare nada entendia de mulheres, era outro homem branco europeu. Criava-se a ideia, perigosa, de que cada raça deveria ler livros escritos por representantes de sua etnia e de seu gênero. Já são 35 anos passados e hoje vejo alunas negras que fingem não ouvir o que qualquer professor branco fale.
Tive um professor assumidamente comunista nos anos 70. Muito boa gente, ingênuo, simpático, ele era partidário do famoso "quanto pior melhor". O único modo de vencer o capitalismo seria criar uma crise descomunal. Dos escombros da tragédia nasceria um povo socialista. Na prática isso nunca aconteceu. Da Alemanha destruída veio o nazismo e da URSS acabada veio Putin. Mas o hábito do quanto pior melhor não desapareceu. Alegremente, por puro instinto, sem raciocinar, há um tipo de reformista que ainda crê que do Kaos absoluto virá o tal mundo justo. Não meu querido. Do Kaos nascem políticos mais autoritários e geralmente são de direita.
A guerra racial substituiu a guerra de classes. A equação primária é simples assim. A esperança dos reformistas sociais é que nessa guerra morra o capitalismo malvado. Não percebem que as pessoas ao fazerem saques, pegam bens do capitalismo. E sorriem por isso. No pior dos cenários, a guerra racial poderia produzir um tipo de novo apartheid "do bem". Raças separadas. Detalhe: a Africa do Sul era mega capitalista. Nenhum negro americano quer o controle estatal sobre sua vida. Ao contrário, eles querem o fim da polícia. Ou seja, nenhum controle. ( Devo comentar que o fim da polícia seria o retorno do mundo do faroeste, mas me parece que esses militantes não assistem esse tipo de filme ).
Dentro desse mundo que aqui descrevo fica difícil falar de Churchill ou Lincoln ou Gandhi. Pensando por slogans, lendo apenas apostilas, esse povo vê cada um deles apenas como homens brancos que defendiam a cultura branca. Toda a complexidade de almas imensas fica no limbo da tola ignorância.
Interessante observar que a diminuição da alma humana está se dando exatamente dentro do humanismo moderno. Enquanto a ciência nos leva ao limite do muito grande e do muito pequeno, o mundo das humanas diminui cada vez mais nosso limite. Uma alma branca não poderá jamais entender o que é ser negro. E um homem nada sabe sobre uma mulher. O espírito e o intelecto hoje têm cor e sexo. Tentando ser liberais, eles sexualizaram e deram raça a tudo.
Jamais li Emilly Bronte ou Virginia Wolff pensando estar lendo uma mulher. Nunca ouvi Miles Davis pensando estar ouvindo um negro. Para mim sempre foi Literatura. Sempre foi Música. Valores muito acima da contingência temporal de raça e sexo. Para mim a arte sempre foi o mundo democrático onde cada um é aquilo que é: Único. Colocar um artista como latino americano gay ou macho russo dono de terras, é desvalorizar e não apreciar aquilo que a arte tem de melhor, sua transcendência. O latino americano gay é muito mais que isso. Idem o russo macho.
Para o povo que destrói o passado, olhar para trás é ver apenas racismo e machismo. Mais nada. Para eles toda a história se reduz a exterminação de raças e opressão feminina. Se um dia a história foi reduzida ao conflito de classes, agora é ainda pior. Estamos condicionados a ver o passado do ponto de vista de nossa raça. Não conheço inferno mais limitante que esse.
Por fim, a história nos ensina que mudamos. Que tudo é um processo. Churchill lutou no Sudão, lutou contra os Boers. E eu não gosto desse lado dele. Mas depois ele mudou. Porque a história nos faz mudar. E segurou o nazismo sozinho por dois anos. Quando negamos a história estamos negando a mudança. O passado morre. Ele se torna estático. E ao fazer isso acabamos por negar nossa própria possiblidade de mudança. Brancos serão sempre brancos. Negros serão sempre negros.
O mundo real meu caro, não é assim.
Harold Bloom escreveu nos anos 80 que os estudos modernos de línguas estavam destruindo o valor da literatura. Dante era estudado apenas como um macho branco e rancoroso e assim sua obra não importava mais. Dickens era outro macho branco opressor e típico propagandista do mundo vitoriano. Shakespeare nada entendia de mulheres, era outro homem branco europeu. Criava-se a ideia, perigosa, de que cada raça deveria ler livros escritos por representantes de sua etnia e de seu gênero. Já são 35 anos passados e hoje vejo alunas negras que fingem não ouvir o que qualquer professor branco fale.
Tive um professor assumidamente comunista nos anos 70. Muito boa gente, ingênuo, simpático, ele era partidário do famoso "quanto pior melhor". O único modo de vencer o capitalismo seria criar uma crise descomunal. Dos escombros da tragédia nasceria um povo socialista. Na prática isso nunca aconteceu. Da Alemanha destruída veio o nazismo e da URSS acabada veio Putin. Mas o hábito do quanto pior melhor não desapareceu. Alegremente, por puro instinto, sem raciocinar, há um tipo de reformista que ainda crê que do Kaos absoluto virá o tal mundo justo. Não meu querido. Do Kaos nascem políticos mais autoritários e geralmente são de direita.
A guerra racial substituiu a guerra de classes. A equação primária é simples assim. A esperança dos reformistas sociais é que nessa guerra morra o capitalismo malvado. Não percebem que as pessoas ao fazerem saques, pegam bens do capitalismo. E sorriem por isso. No pior dos cenários, a guerra racial poderia produzir um tipo de novo apartheid "do bem". Raças separadas. Detalhe: a Africa do Sul era mega capitalista. Nenhum negro americano quer o controle estatal sobre sua vida. Ao contrário, eles querem o fim da polícia. Ou seja, nenhum controle. ( Devo comentar que o fim da polícia seria o retorno do mundo do faroeste, mas me parece que esses militantes não assistem esse tipo de filme ).
Dentro desse mundo que aqui descrevo fica difícil falar de Churchill ou Lincoln ou Gandhi. Pensando por slogans, lendo apenas apostilas, esse povo vê cada um deles apenas como homens brancos que defendiam a cultura branca. Toda a complexidade de almas imensas fica no limbo da tola ignorância.
Interessante observar que a diminuição da alma humana está se dando exatamente dentro do humanismo moderno. Enquanto a ciência nos leva ao limite do muito grande e do muito pequeno, o mundo das humanas diminui cada vez mais nosso limite. Uma alma branca não poderá jamais entender o que é ser negro. E um homem nada sabe sobre uma mulher. O espírito e o intelecto hoje têm cor e sexo. Tentando ser liberais, eles sexualizaram e deram raça a tudo.
Jamais li Emilly Bronte ou Virginia Wolff pensando estar lendo uma mulher. Nunca ouvi Miles Davis pensando estar ouvindo um negro. Para mim sempre foi Literatura. Sempre foi Música. Valores muito acima da contingência temporal de raça e sexo. Para mim a arte sempre foi o mundo democrático onde cada um é aquilo que é: Único. Colocar um artista como latino americano gay ou macho russo dono de terras, é desvalorizar e não apreciar aquilo que a arte tem de melhor, sua transcendência. O latino americano gay é muito mais que isso. Idem o russo macho.
Para o povo que destrói o passado, olhar para trás é ver apenas racismo e machismo. Mais nada. Para eles toda a história se reduz a exterminação de raças e opressão feminina. Se um dia a história foi reduzida ao conflito de classes, agora é ainda pior. Estamos condicionados a ver o passado do ponto de vista de nossa raça. Não conheço inferno mais limitante que esse.
Por fim, a história nos ensina que mudamos. Que tudo é um processo. Churchill lutou no Sudão, lutou contra os Boers. E eu não gosto desse lado dele. Mas depois ele mudou. Porque a história nos faz mudar. E segurou o nazismo sozinho por dois anos. Quando negamos a história estamos negando a mudança. O passado morre. Ele se torna estático. E ao fazer isso acabamos por negar nossa própria possiblidade de mudança. Brancos serão sempre brancos. Negros serão sempre negros.
O mundo real meu caro, não é assim.