Nunca mais teremos alguém como John Huston. Ou Humphrey Bogart. Eles, assim como Heminguay e John Ford, são homens fora de moda. Figuras patriarcais. Interessante observar que Cary Grant é um modelo perfeitamente condizente com os tempos de hoje. George Clooney sabia disso e seguiu o modelo até onde pode. Spencer Tracy cabe em 2020. Mas John Wayne jamais. Scott Fitzgerald é admirado como homem sensível. Henry James como personalidade complexa. Mas Mark Twain não.
Roger Scrutton defendia a caça à raposa, esporte que eu considero absurdo. E temos um presidente que defende armas como garantia de liberdade civil. Eu vivi nos anos 70, época em que se comprava um 38 na Mesbla. A liberdade não era maior por causa disso. Mas... há sempre um "mas" não é?
Scrutton estava longe de ser um idiota e ele sabia que tudo era uma questão de símbolo. O simples fato de se ter a liberdade de caçar ou de se ter uma arma, de forma aberta e clara, é uma afirmação de poder, e portanto, de liberdade individual. Toda a constituição americana se baseia nisso. E se nas democracias inglesa e japonesa não há essa garantia, isso se deve ao fato de que lá nem polícia e nem bandidos possuem armas. A igualdade é plena. Uma das características do artista viril, o tipo que hoje é impossível, é o fato de ele ter sempre uma arma por perto. Cary Grant muito raramente usa uma arma. Muito menos posa com uma.
Uma das várias armadilhas em que a esquerda se colocou é a questão das armas. Ao se feminilizar, eles chutaram as armas para longe. E esqueceram assim, pasmem, que homens como Heminguay e Huston foram de esquerda. E que tanto Fidel como Che Guevara, Mao e Stalin, estavam sempre armados. Não se faz revolução sem armas. O que se faz é perfumaria.
Eu sou muito mais Cary Grant que John Huston. E não é surpresa nenhuma o fato de nenhum dos dois jamais ter cogitado em trabalhar juntos. Mas eu adoraria ser John Huston. E fosse eu um diretor de cinema, amaria ter tido a capacidade de fazer um filme como O Tesouro de Sierra Madre. Ele tem toda a virilidade que Clint Eastwood procurou por toda a vida. E é seco, duro, direto como Tarantino jamais conseguiu ser.
Três fracassados, no México dos anos 1920, partem para a busca de ouro. Nada mais que isso. Nada de romance. Nada de diálogos bacaninhas. Nada de filosofia barata. É sobreviver. Sair da merda. Como voce reage? Com o fígado. Entra na coisa em dois minutos de filme. Huston te fisga. E pronto.
Bogart tem a maior atuação de sua vida. Faz de um tipo banal um ser humano completo. Walter Huston cativa como o velho minerador. É uma performance icônica. A gente sente que o filme foi feito entre goles de tequila e baforadas de charutos. Ele transpira virilidade. É arte. Do mais alto nível. Mas infelizmente é um filme inviável hoje. Duvido que muita gente ainda o assista. De Huston andam vendo muito mais os filmes problema: aqueles sobre Lautrec, Freud e o que tem Marlon Brando.
O cinema viril de hoje é sempre uma caricatura. Não exibe homens patriarcais, são na verdade adolescentes brincando de bandido. São filmes às vezes deliciosos, como os primeiros de Guy Ritchie ou os melhores de Tarantino. Mas são fantasias de adolescente. São homens como garotos imaginam que homens são. Não são pais. São filhos.
Sem as figuras guias, os modelos de masculinidade, nossa sociedade se torna cada vez mais aquilo que ela já é agora: um mundo de filhos sem rumo. Filhos de 20, 40, 60 anos de idade. As mulheres, obrigadas a fazer papel duplo, provedora e mãe, arcam com uma responsabilidade desumana. E enlouquecem. Homens que fogem da vida e mulheres que brigam com a hiper realidade da natureza. Nunca os dois estiveram tão distantes.
Fui longe não é? Divaguei. E provavelmente falei muita asneira. Coisa de homem falar asneira. Mas eu digo que às vezes falta na vida um John Huston que grite com a gente. E fale: Garoto! Se joga nesse lago gelado e cura essa gripe na marra! Deixa de frescura e vai logo se alistar na porra dessa guerra. A guerra é a pior merda do mundo, mas voce não pode se omitir. Garoto! Vai até essa menina e fala logo o que voce quer. Se ela não quiser azar o dela e bola pra frente. E por favor, come esse bife e deixa de pensar na morte da bezerra! Shit!
Roger Scrutton defendia a caça à raposa, esporte que eu considero absurdo. E temos um presidente que defende armas como garantia de liberdade civil. Eu vivi nos anos 70, época em que se comprava um 38 na Mesbla. A liberdade não era maior por causa disso. Mas... há sempre um "mas" não é?
Scrutton estava longe de ser um idiota e ele sabia que tudo era uma questão de símbolo. O simples fato de se ter a liberdade de caçar ou de se ter uma arma, de forma aberta e clara, é uma afirmação de poder, e portanto, de liberdade individual. Toda a constituição americana se baseia nisso. E se nas democracias inglesa e japonesa não há essa garantia, isso se deve ao fato de que lá nem polícia e nem bandidos possuem armas. A igualdade é plena. Uma das características do artista viril, o tipo que hoje é impossível, é o fato de ele ter sempre uma arma por perto. Cary Grant muito raramente usa uma arma. Muito menos posa com uma.
Uma das várias armadilhas em que a esquerda se colocou é a questão das armas. Ao se feminilizar, eles chutaram as armas para longe. E esqueceram assim, pasmem, que homens como Heminguay e Huston foram de esquerda. E que tanto Fidel como Che Guevara, Mao e Stalin, estavam sempre armados. Não se faz revolução sem armas. O que se faz é perfumaria.
Eu sou muito mais Cary Grant que John Huston. E não é surpresa nenhuma o fato de nenhum dos dois jamais ter cogitado em trabalhar juntos. Mas eu adoraria ser John Huston. E fosse eu um diretor de cinema, amaria ter tido a capacidade de fazer um filme como O Tesouro de Sierra Madre. Ele tem toda a virilidade que Clint Eastwood procurou por toda a vida. E é seco, duro, direto como Tarantino jamais conseguiu ser.
Três fracassados, no México dos anos 1920, partem para a busca de ouro. Nada mais que isso. Nada de romance. Nada de diálogos bacaninhas. Nada de filosofia barata. É sobreviver. Sair da merda. Como voce reage? Com o fígado. Entra na coisa em dois minutos de filme. Huston te fisga. E pronto.
Bogart tem a maior atuação de sua vida. Faz de um tipo banal um ser humano completo. Walter Huston cativa como o velho minerador. É uma performance icônica. A gente sente que o filme foi feito entre goles de tequila e baforadas de charutos. Ele transpira virilidade. É arte. Do mais alto nível. Mas infelizmente é um filme inviável hoje. Duvido que muita gente ainda o assista. De Huston andam vendo muito mais os filmes problema: aqueles sobre Lautrec, Freud e o que tem Marlon Brando.
O cinema viril de hoje é sempre uma caricatura. Não exibe homens patriarcais, são na verdade adolescentes brincando de bandido. São filmes às vezes deliciosos, como os primeiros de Guy Ritchie ou os melhores de Tarantino. Mas são fantasias de adolescente. São homens como garotos imaginam que homens são. Não são pais. São filhos.
Sem as figuras guias, os modelos de masculinidade, nossa sociedade se torna cada vez mais aquilo que ela já é agora: um mundo de filhos sem rumo. Filhos de 20, 40, 60 anos de idade. As mulheres, obrigadas a fazer papel duplo, provedora e mãe, arcam com uma responsabilidade desumana. E enlouquecem. Homens que fogem da vida e mulheres que brigam com a hiper realidade da natureza. Nunca os dois estiveram tão distantes.
Fui longe não é? Divaguei. E provavelmente falei muita asneira. Coisa de homem falar asneira. Mas eu digo que às vezes falta na vida um John Huston que grite com a gente. E fale: Garoto! Se joga nesse lago gelado e cura essa gripe na marra! Deixa de frescura e vai logo se alistar na porra dessa guerra. A guerra é a pior merda do mundo, mas voce não pode se omitir. Garoto! Vai até essa menina e fala logo o que voce quer. Se ela não quiser azar o dela e bola pra frente. E por favor, come esse bife e deixa de pensar na morte da bezerra! Shit!