Even the greatest stars...esse refrão era usado em um comercial de calçados em 1984. E todos nós ficávamos malucos com o sopro de modernidade que lá havia. Na era do synth pop, esse anúncio avisava que os alemães de Dusseldorf eram os reis.
Não me lembro a primeira vez que os ouvi. Deve ter sido ainda nos anos 70. E com certeza não gostei. Eu preferia Giorgio Moroder, muito mais fácil. O Kraftwerk parecia monótono. Mas mesmo assim eu já sabia, aos 14 anos de idade, que aquele som era radicalmente diferente de tudo o que havia para se ouvir. Mesmo uma banda moderna como o Velvet Underground ou o King Crimson usavam o esquema bateria, guitarra e teclado. Os timbres podiam variar, o volume, a duração das músicas, o nível de ruído, mas era rock. Sendo MC5 ou Pink Floyd, tudo era rock. Rock com folk, rock com Stravinski ou rock com jazz, mas sempre rock. O Kraftwerk não. Neles não havia sinal nenhum de blues. Nem de country. Nem de folk ou jazz. Não era rock. Não era Pop. Não era nada.
Florian Schneider dizia que o som da banda era "música pop da Europa". Rock alemão. Um tipo de som que nada tivesse de americano. E que fosse moderno. Uma alternativa ao velho rock de sempre. Fazendo isso o Kraftwerk conseguiu exatamente o que queria. Até hoje todos sabem que música eletrônica não é rock. Mas é jovem. É rebelde. É Pop. É mais o que?
Dentro desse mundo, o das rádios jovens, revistas Pop, shows em festivais, rock enfim, o Kraftwerk é a coisa mais revolucionária que houve e que há. Nada de guitarra. Nada de bateria. Nada de técnica exibicionista. Mais ainda: sem emoção. Sem suor. A radicalidade levada até o fim. A negação do rock dentro do rock.
Lembro do que senti quando ouvi Sex Pistols e Clash pela primeira vez. Me decepcionei. Aquilo que era vendido como novo era apenas rock. 1977. E nesse ano a novidade era a eletrônica. Somente ela. Mais chocante ainda que ouvir, era ver o Kraftwerk. Cabelos curtos. Ternos. E aqueles instrumentos que pareciam ser computadores. Cadê o sexo drogas e rocknroll?
Entre 1974-1988 eles foram a ponta da coisa. Mitos. Kling Klang studios. De Brian Eno e Bowie à Radiohead e Massive Attack, todos que usaram sons sintetizados, loops e o tal clima frio e glacial, são devedores de Florian e sua gang. Rap e disco, Prince e Beck, há em todos um gene alemão made in Dusseldorf.
Florian, o ciclista, morreu. Leia a biografia da banda, fácil de achar, livro bonito. É a melhor bio de música jovem que li. E olha que li muitas! Porque a banda alemã se conectava á história do século, à arte da época, aos planos de futuro, à tecnologia de agora. Florian morreu mas não a banda. Pois ele já dizia que o Kraftwerk independia deles, humanos. O grupo continuaria para sempre, uma fábrica, um aglomerado de robots, um show de som e imagem e não de gente e instrumentos.
Então ele não morreu. Ele nem mesmo pode morrer. O Kling Klang está lá.
Não me lembro a primeira vez que os ouvi. Deve ter sido ainda nos anos 70. E com certeza não gostei. Eu preferia Giorgio Moroder, muito mais fácil. O Kraftwerk parecia monótono. Mas mesmo assim eu já sabia, aos 14 anos de idade, que aquele som era radicalmente diferente de tudo o que havia para se ouvir. Mesmo uma banda moderna como o Velvet Underground ou o King Crimson usavam o esquema bateria, guitarra e teclado. Os timbres podiam variar, o volume, a duração das músicas, o nível de ruído, mas era rock. Sendo MC5 ou Pink Floyd, tudo era rock. Rock com folk, rock com Stravinski ou rock com jazz, mas sempre rock. O Kraftwerk não. Neles não havia sinal nenhum de blues. Nem de country. Nem de folk ou jazz. Não era rock. Não era Pop. Não era nada.
Florian Schneider dizia que o som da banda era "música pop da Europa". Rock alemão. Um tipo de som que nada tivesse de americano. E que fosse moderno. Uma alternativa ao velho rock de sempre. Fazendo isso o Kraftwerk conseguiu exatamente o que queria. Até hoje todos sabem que música eletrônica não é rock. Mas é jovem. É rebelde. É Pop. É mais o que?
Dentro desse mundo, o das rádios jovens, revistas Pop, shows em festivais, rock enfim, o Kraftwerk é a coisa mais revolucionária que houve e que há. Nada de guitarra. Nada de bateria. Nada de técnica exibicionista. Mais ainda: sem emoção. Sem suor. A radicalidade levada até o fim. A negação do rock dentro do rock.
Lembro do que senti quando ouvi Sex Pistols e Clash pela primeira vez. Me decepcionei. Aquilo que era vendido como novo era apenas rock. 1977. E nesse ano a novidade era a eletrônica. Somente ela. Mais chocante ainda que ouvir, era ver o Kraftwerk. Cabelos curtos. Ternos. E aqueles instrumentos que pareciam ser computadores. Cadê o sexo drogas e rocknroll?
Entre 1974-1988 eles foram a ponta da coisa. Mitos. Kling Klang studios. De Brian Eno e Bowie à Radiohead e Massive Attack, todos que usaram sons sintetizados, loops e o tal clima frio e glacial, são devedores de Florian e sua gang. Rap e disco, Prince e Beck, há em todos um gene alemão made in Dusseldorf.
Florian, o ciclista, morreu. Leia a biografia da banda, fácil de achar, livro bonito. É a melhor bio de música jovem que li. E olha que li muitas! Porque a banda alemã se conectava á história do século, à arte da época, aos planos de futuro, à tecnologia de agora. Florian morreu mas não a banda. Pois ele já dizia que o Kraftwerk independia deles, humanos. O grupo continuaria para sempre, uma fábrica, um aglomerado de robots, um show de som e imagem e não de gente e instrumentos.
Então ele não morreu. Ele nem mesmo pode morrer. O Kling Klang está lá.