Andei relendo Byron ontem. Beppo é o livro que escolhi. Byron morreu aos 36 e Beppo é de sua fase melhor, a final. Aqui ele é humorista. Beppo divaga sobre vários assuntos, tudo em ritmo de sátira. Se no seu começo Byron era piegas, aqui ele é exuberante. É um poema fácil de ler, divertido, levíssimo.
Se voce quer saber o quanto Byron guiou moda e consciências no século XIX, imagine um cara que foi Mick Jagger e Jim Morrison em um só. Goethe chegou a dizer que Byron era o maior homem do século. Ele era famoso em Piracicaba e em Vienna. Em Boston e em Goa. Sem rádio, sem TV, sem nada, ele era figura mundial. No boca a boca. Os jovens queriam ser Byron. Mais que isso, se sentiam irmãos de alma dele.
No fim do século XIX já se percebia que a poesia dele era de segunda categoria. Keats, Shelley, Wordsworth eram muito melhores. Poe passou a ser um modelo mais seguido. Hoje parece que as grandes figuras daquele século foram Beethoven, Wagner, Goethe e Tolstoi. Mas não foi assim. Somente Napoleão era tão famoso quanto Byron.
Ao contrário do que os críticos gostam de dizer, ainda há muito byronismo nos jovens de hoje. Não todos. Talvez nos mais interessantes.
Vejamos...
Byron nasceu rico e nobre, e foi ele quem popularizou a figura do jovem que tem tudo mas sofre por ter uma maldição sobre ele. Bonito, ele tinha um pé defeituoso e bastou isso para o deixar marcado. Marcado por si mesmo, pois as mulheres e os meninos choviam em sua cama. Bissexual, ele se envolvia com mulheres mais velhas, jovens camponesas, adolescentes, meninos virginais. Mas sempre jogando com a imagem de que " ele era um azar na vida de quem o tocava". Byron era o Homem Fatal.
Foi ele quem popularizou o novo gótico, cerimônias e orgias em cemitérios. Foi ele quem bebia vinho dentro de um crânio. ( Vc acha taças de caveira em qualquer loja na Galeria do Rock. Byron iria rir disso ).
Inquieto, ele foi um grande viajante, percorrendo a Europa em busca de excitação. Sua morte foi a mais bela possível, morto na Grécia, lutando pela libertação dos gregos da opressão turca. O que mais falta para vermos nele o europeu moderninho de hoje? Byron se entupia de drogas e tinha o tédio blasé dos fãs de Thom Yorke. Apaixonado por sua meia irmã, ele ia contra a moral de sua classe social. E, glória das glórias, Frankenstein foi escrito na sua casa numa noite de orgia.
Lord Byron criou, com seu comportamento, um padrão tão imitado, que hoje a gente vê tudo que ele fez como cliché. Desde Heathcliff em O Morro dos Ventos Uivantes, até o último herói do cinema, aquele herói que sofre e ninguém aceita, todos são netos e bisnetos do poeta inglês. Roqueiros dos anos 60 descobriram que ser Byron dava ibope e se lançaram à obra. Roqueiros de 2020 mal sabem disso, mas continuam seguindo o modelo, agora bem desgastado. Antes de Oscar Wilde, foi Byron o primeiro artista a usar sua arte na vida e não na obra.
Se voce quer saber o quanto Byron guiou moda e consciências no século XIX, imagine um cara que foi Mick Jagger e Jim Morrison em um só. Goethe chegou a dizer que Byron era o maior homem do século. Ele era famoso em Piracicaba e em Vienna. Em Boston e em Goa. Sem rádio, sem TV, sem nada, ele era figura mundial. No boca a boca. Os jovens queriam ser Byron. Mais que isso, se sentiam irmãos de alma dele.
No fim do século XIX já se percebia que a poesia dele era de segunda categoria. Keats, Shelley, Wordsworth eram muito melhores. Poe passou a ser um modelo mais seguido. Hoje parece que as grandes figuras daquele século foram Beethoven, Wagner, Goethe e Tolstoi. Mas não foi assim. Somente Napoleão era tão famoso quanto Byron.
Ao contrário do que os críticos gostam de dizer, ainda há muito byronismo nos jovens de hoje. Não todos. Talvez nos mais interessantes.
Vejamos...
Byron nasceu rico e nobre, e foi ele quem popularizou a figura do jovem que tem tudo mas sofre por ter uma maldição sobre ele. Bonito, ele tinha um pé defeituoso e bastou isso para o deixar marcado. Marcado por si mesmo, pois as mulheres e os meninos choviam em sua cama. Bissexual, ele se envolvia com mulheres mais velhas, jovens camponesas, adolescentes, meninos virginais. Mas sempre jogando com a imagem de que " ele era um azar na vida de quem o tocava". Byron era o Homem Fatal.
Foi ele quem popularizou o novo gótico, cerimônias e orgias em cemitérios. Foi ele quem bebia vinho dentro de um crânio. ( Vc acha taças de caveira em qualquer loja na Galeria do Rock. Byron iria rir disso ).
Inquieto, ele foi um grande viajante, percorrendo a Europa em busca de excitação. Sua morte foi a mais bela possível, morto na Grécia, lutando pela libertação dos gregos da opressão turca. O que mais falta para vermos nele o europeu moderninho de hoje? Byron se entupia de drogas e tinha o tédio blasé dos fãs de Thom Yorke. Apaixonado por sua meia irmã, ele ia contra a moral de sua classe social. E, glória das glórias, Frankenstein foi escrito na sua casa numa noite de orgia.
Lord Byron criou, com seu comportamento, um padrão tão imitado, que hoje a gente vê tudo que ele fez como cliché. Desde Heathcliff em O Morro dos Ventos Uivantes, até o último herói do cinema, aquele herói que sofre e ninguém aceita, todos são netos e bisnetos do poeta inglês. Roqueiros dos anos 60 descobriram que ser Byron dava ibope e se lançaram à obra. Roqueiros de 2020 mal sabem disso, mas continuam seguindo o modelo, agora bem desgastado. Antes de Oscar Wilde, foi Byron o primeiro artista a usar sua arte na vida e não na obra.