BAD NEWS

   Não me lembro qual, mas havia uma civilização no passado em que o mensageiro que trazia más notícias era morto pelo rei. Antes de ser uma anomalia, isso revela um conteúdo profundo de nossa mente. Mensageiros da dor são evitados depois que a dor passa. Quando não, se tornam alvo de ódio. Prova disso? Quantos casais não se separam após a morte de um filho? Quantas famílias não se desunem após uma tragédia? Olhar o rosto daquele que te trouxe uma mensagem de dor, se torna, com o tempo, uma lembrança a ser evitada. Ninguém ama quem alardeia a tragédia. O amor que nasce em emergências é aquele que te fez sorrir no pesadelo.
  Após esta crise será difícil para o cidadão comum não associar certas figuras com o mal de uma lembrança amarga. Penso, óbvio, em emissoras e veículos que não se cansam de assustar, dramatizar, alarmar. Não há seriedade neles, apenas o desejo vil de se aproveitar de um momento fora da curva. Mesmo que de forma inconsciente, grava-se na memória de todos o mal estar criado por tanta frase venenosa, tanta informação corrompida, tanto cenho feroz.
  Essa atitude de certos meios de comunicação me surpreende muito. É uma atitude burra, ou talvez desesperada. Não há bom senso nenhum. Não se pensa no futuro da própria empresa. Até como ato de egoísmo ele é falho.
  Dizem que o ser humano mostra seu rosto na hora da emergência.
  Cara feia a da nossa imprensa.
  Burra. Histérica e revanchista.