JACK WHITE E SEU LAZARETTO

   O disco é ótimo. Rock cheio de garra etc etc etc. Criativo. Mas não é sobre isso que eu quero falar. Espero conseguir falar com clareza. Vamos lá.
  Jack sofre a mesma influência que eu sofri: um cara branco que cresceu ouvindo rock tradicional e ao mesmo tempo punk e tudo que foi criado nos anos 80 em diante. É um caldeirão imenso que se inicia com o blues rural e chega ao eletrônico. Um cara com uma cabeça boa recebe toda essa influência, não há como ser diferente. Isso é ótimo, mas há um lado perverso nessa história. O medo de ser comum.
  O disco, Lazaretto, tem composições excelentes, é rock pesado, é blues, é country. E em todas essas faixas, Jack White dá um jeito de as destruir. É como se ele lembrasse dos milhares de discos ouvidos e pensasse: Opa! Esta canção tá muito comum! Vamos inventar! ...Então o que ele faz? Quebra a melodia com barulho, dá um break e insere ruídos estranhos, destrói a harmonia, desfaz o refrão. Há um motivo para isso. O desejo de usar tudo aquilo que se ouviu, todas as influências, todo o ambiente.
  Fazer rock, hoje, é uma luta perdida contra o plágio. É quase impossível compor rock sem que se perceba de onde aquilo foi chupado. Geralmente de forma inconsciente. Quando o autor é ambicioso, ele tenta bravamente obter alguma originalidade. Então insere elementos de funk, jazz ou rap. Mas mesmo essas misturas já são datadas. Então que se faça ruído. Que se quebre a linda canção country ou o blues rural. Mixagem torta. Corte absurdo.
  O disco é lindo.