Uma coisa é ter vivido 15 anos novos, réveillon. Outra é ter passado por mais de 50. Se voce não usa sua criatividade, tudo ficam entediante. Deus criou o tédio para que pudesse haver criação. Então eu penso ( pensar é criar ).
Não há graça na vida sem a capacidade de se deslumbrar, e lembro que aos 12 anos eu me deslumbrava com o fato de um ano terminar e começar outro. Não era apenas uma piada boba, eu realmente sentia a magia de se acordar num ano e ir dormir em outro. Eu vivenciava na alma a distância, imensa, entre ter acordado em 1977 e ir dormir em 78. Era deslumbrante. Como era deslumbrante ver aqueles caras correndo por São Paulo enquanto o ano morria. Pois ele morria, e eu sentia até mesmo pena do ano que se ia. Dentro do deslumbramento, um novo ano era um vazio onde tudo podia acontecer.
É cliché artistas dizerem que fazer arte é manter viva a chama da infância. Poder ainda se deslumbrar com coisas cotidianas. Acho que Renoir foi o primeiro a dizer isso. Não sei. Mas penso agora o seguinte: Esse deslumbramento artístico é a capacidade de se deslumbrar com a simples mudança no calendário. Não vale o deslumbramento forçado e caro de ir ver o Taj Mahal ou o mar de coral. Mas, eu agora te pergunto, no mundo hiper exposto de 2020, ainda alguém se deslumbra com o Taj Mahal? Chegaremos à um tempo em que ir à Lua não causará mais espanto, muito menos deslumbramento. Já vivemos uma época em que a visão do primeiro corpo nú, ou a primeira noite fora de casa, não causa deslumbramento algum. Existe um tédio antes mesmo da primeira experiência. Culpa do quê? Talvez por sermos cobrados a não ser ingênuos. Talvez por termos de planejar a vida desde cedo. Eu não sei.
Tenho sorte. Ainda me deslumbro com a Serra. Com um Sabiá levando minhoca no bico. Com o céu quando se tinge de roxo. A chuva violenta de verão. Penso que coisas humanas me deslumbram cada vez menos. Mas a natureza...ela é o deslumbramento absoluto.
Portanto espero que 2020 seja deslumbrante. Que seu queixo caia e que as coisas façam voce parar e admirar. Olhar. Olhar sem pensar.
Não há graça na vida sem a capacidade de se deslumbrar, e lembro que aos 12 anos eu me deslumbrava com o fato de um ano terminar e começar outro. Não era apenas uma piada boba, eu realmente sentia a magia de se acordar num ano e ir dormir em outro. Eu vivenciava na alma a distância, imensa, entre ter acordado em 1977 e ir dormir em 78. Era deslumbrante. Como era deslumbrante ver aqueles caras correndo por São Paulo enquanto o ano morria. Pois ele morria, e eu sentia até mesmo pena do ano que se ia. Dentro do deslumbramento, um novo ano era um vazio onde tudo podia acontecer.
É cliché artistas dizerem que fazer arte é manter viva a chama da infância. Poder ainda se deslumbrar com coisas cotidianas. Acho que Renoir foi o primeiro a dizer isso. Não sei. Mas penso agora o seguinte: Esse deslumbramento artístico é a capacidade de se deslumbrar com a simples mudança no calendário. Não vale o deslumbramento forçado e caro de ir ver o Taj Mahal ou o mar de coral. Mas, eu agora te pergunto, no mundo hiper exposto de 2020, ainda alguém se deslumbra com o Taj Mahal? Chegaremos à um tempo em que ir à Lua não causará mais espanto, muito menos deslumbramento. Já vivemos uma época em que a visão do primeiro corpo nú, ou a primeira noite fora de casa, não causa deslumbramento algum. Existe um tédio antes mesmo da primeira experiência. Culpa do quê? Talvez por sermos cobrados a não ser ingênuos. Talvez por termos de planejar a vida desde cedo. Eu não sei.
Tenho sorte. Ainda me deslumbro com a Serra. Com um Sabiá levando minhoca no bico. Com o céu quando se tinge de roxo. A chuva violenta de verão. Penso que coisas humanas me deslumbram cada vez menos. Mas a natureza...ela é o deslumbramento absoluto.
Portanto espero que 2020 seja deslumbrante. Que seu queixo caia e que as coisas façam voce parar e admirar. Olhar. Olhar sem pensar.