AMOR AOS 15 ANOS

   Um homem falando de futebol diz que o time que a gente ama aos 15 anos passa a ser o time que vamos amar a vida toda. Assim, as pessoas que hoje têm por volta de 50 anos vão sempre amar a tal seleção de 1982. Será?
 Lembro então de meus 15 anos e de meus amores nessa idade...
 O time sempre foi o Santos, mas como era fraco nesse tempo, só tinha Pita e João Paulo, eu admirava o Flamengo de Zico, Junior e Adílio, e a seleção francesa de Plantini, Tigana e Giresse.
 Pode ser verdade essa teoria, pois continuo achando que Bjorn Borg foi o melhor tenista do mundo, que a seleção de basquete da Iugoslávia era imbatível ( Petrovic e Kikanovic ), e que Gilles Villeneuve foi o herói da F1.
 Aninha não foi meu maior amor, mas é o amor mais bonito.
 Aos 15 meus discos favoritos eram Let It Bleed dos Stones e Viva do Roxy Music. Amava também, muito, o Physical Graffitti, do Led. Não sei se mudou meu amor. Foi nessa idade que comecei a ouvir Vivaldi e Mozart.
 Eu lia Dickens, Dostoievski e Thomas Hardy e meu livro do ano foi O Morro dos Ventos Uivantes.
 O filme que mais revi no cinema, no velho cine Gazeta e no Vitrine, foi Embalos de Sábado a Noite. E foi aos 15 que descobri Fellini e Truffaut, Cary Grant e Audrey.
 Usava cabelo longo e meu quarto estava atulhado nas paredes de fotos de surf e skate. Ir para a praia era a coisa que mais me dava prazer. Eu nem dormia no dia anterior.
 Amava chuva forte, manhãs geladas e o sol na cara.
 Andava a toa pelas ruas do bairro. E ficava entrando no mato fechado, só pra ver os bichos. Ainda havia bichos.
 Penso então que o homem tava certo. Posso ter tido amores maiores ou mais "sérios", mas aos 15 anos eles são pra sempre, nunca serão esquecidos ou desvalorizados.