Me lembrou Saul Bellow. O clima desesperado e niilista, o "herói" falho, desagradável. Mas Bellow tem mais humor, McEwan é mais lírico. O lirismo dos que secaram. O livro, divertido, ágil, criativo, maravilhoso, acompanha a saga de Michael Beard, um físico mulherengo, feio, de meia idade, egoísta, vaidoso, assassino, ladrão, tolo, infantil. Ele "cria" um modo de produzir energia limpa e barata. Ganhador do Nobel, ele viaja ao Novo México, ao Polo Norte, bebe demais, come como um urso. O autor consegue conduzir esse caos com elegância, leveza, charme e jamais tomando partido explicitamente. Não é um livro panfletário, longe disso, Ian McEwan consegue dar explicações claras sobre física, química, sobre a diferença entre ciência e humanidades. Sua descrição do politicamente correto é hilária, uma crítica exata.
Ian McEwan é o autor que deveria ter ganho o Nobel, mas suas posições politicas pouco claras o impedem de vencer. O mundo de hoje não entende e não tem a capacidade de entender a sutileza, a imparcialidade. É um tempo de branco ou preto. McEwan tem todas as cores.
Ian McEwan é o autor que deveria ter ganho o Nobel, mas suas posições politicas pouco claras o impedem de vencer. O mundo de hoje não entende e não tem a capacidade de entender a sutileza, a imparcialidade. É um tempo de branco ou preto. McEwan tem todas as cores.