Voce sai do sol. Entra num lugar onde a luz é sempre a mesma. Não há mais o burburinho da rua. Fala-se baixo, silêncio. Sem calor e sem frio. Depois se entra na escuridão. Uma luz vermelha, como um inseto, vem em sua direção e te conduz. O cheiro é de tapete, cortina e curvin. Senta-se e espera-se. Pensa-se. Música neutra toca nos alto falantes. A passagem continua a se fazer. A transição de lá para aqui. Voce se concentra mesmo sem perceber.
Toca-se um sino. Como em um templo, uma, duas, três vezes. Silêncio absoluto. Uma tosse. Um papel de drops. Explode a cor. A imagem, imensa, surge. A concentração se torna Experiência. O ritual.
Leio um livro que fala da experiência de ver um filme, nos cinemas dos anos 40-60, como um ritual. Ia-se sempre, como numa Missa, se ia sem se saber que filme ia ser exibido. Ia-se no dia e na hora habitual, sempre.
Se preparava a ida. Roupa, perfume, caminho, fila e espera. Toda a família ia junta. Depois, quando se virava adulto, se podia ir sozinho. Lá, na fila, se via e se era visto, se exibia e se apreciava. E então vinha a transição: ante sala, sala, escuridão, silêncio, a experiência.
Vivi o final desse tempo. Em 1975-1980 ainda se usava lanterninha, cortina, gongo...as salas ainda eram para 1000, 1500 pessoas. Mas tudo se banalizou. Como até a igreja se banalizou.
Ouvir música em casa também trazia algo de ritualístico. Procurar um cômodo vazio, tirar o disco da capa, ler o encarte, colocar a agulha com cuidado, escutar o LP inteiro. Suportar as faixas menos boas e entrar em êxtase com as melhores.
NÃO HÁ EXPERIÊNCIA VÁLIDA SEM ALGUM RITUAL.
Toca-se um sino. Como em um templo, uma, duas, três vezes. Silêncio absoluto. Uma tosse. Um papel de drops. Explode a cor. A imagem, imensa, surge. A concentração se torna Experiência. O ritual.
Leio um livro que fala da experiência de ver um filme, nos cinemas dos anos 40-60, como um ritual. Ia-se sempre, como numa Missa, se ia sem se saber que filme ia ser exibido. Ia-se no dia e na hora habitual, sempre.
Se preparava a ida. Roupa, perfume, caminho, fila e espera. Toda a família ia junta. Depois, quando se virava adulto, se podia ir sozinho. Lá, na fila, se via e se era visto, se exibia e se apreciava. E então vinha a transição: ante sala, sala, escuridão, silêncio, a experiência.
Vivi o final desse tempo. Em 1975-1980 ainda se usava lanterninha, cortina, gongo...as salas ainda eram para 1000, 1500 pessoas. Mas tudo se banalizou. Como até a igreja se banalizou.
Ouvir música em casa também trazia algo de ritualístico. Procurar um cômodo vazio, tirar o disco da capa, ler o encarte, colocar a agulha com cuidado, escutar o LP inteiro. Suportar as faixas menos boas e entrar em êxtase com as melhores.
NÃO HÁ EXPERIÊNCIA VÁLIDA SEM ALGUM RITUAL.