O MESMO MAR - AMÓS OZ

   O estilo, a forma em que este livro é escrito é muito boa. Oz escreve capítulos minúsculos, às vezes cinco ou seis linhas, dando a cada um seu ritmo próprio. Assim, temos capítulos que parecem poemas, outros são diálogos, alguns piadas, e uns poucos mais tradicionais. Mesmo assim, o livro jamais parece confuso, é fácil de acompanhar. Oz demonstra então um poder pleno como escritor. Eis aqui um cara que sabe escrever. Pois é... e mesmo assim não se trata de um grande livro. Temo que não seja sequer um bom livro.
  Oz escreve bem como ninguém, mas o tema, aquilo que ele tem a dizer se mostra irrelevante. Essa falha é comum nos livros de já algum tempo, autores ótimos, talentosos, escrevendo livros pouco interessantes. Oz fala de um pai viúvo, um filho que anda pelo Tibet, a namorada do filho, um roteiro de cinema, Tel Aviv, a mãe que morreu de câncer, uma prostituta portuguesa, um produtor de filmes picareta. E no meio dessa fauna, que poderia ser rica e viva, o que se nota é apenas estilo, estilo e mais estilo. Os personagens não existem, não têm rosto, vida, vontade, nada. Parecem sempre falsos.
  Se Oz fez isso de propósito, ele foi bem sucedido. Conseguiu o que quis, mas às custas do leitor. Ele atingiu o objetivo, mas entregou um livro vazio.
  Amós Oz escreve bem pacas. Pena o livro não.