Nunca mais haverá um homem como John Ford. Essa frase foi bastante repetida em 1973, ano de sua morte. E hoje, em 2016, não existe mais o mundo de Ford. Isso porque ninguém retratou melhor o mundo em grupo, a comunidade, o apelo à felicidade que para Ford, existia e só existia na vida em grupo, entre companheiros.
Veja um filme maravilhoso, como este LONGA VIAGEM DE VOLTA. Temos um bando de homens e suas histórias dentro de um navio cargueiro. O elenco é aquele grupo de atores irlandeses que Ford tanto amava. Alguns deles vindos do Abbey Theatre, de Yeats. Eles não interpretam, eles são as personas. E ao ver o filme, por mais que as histórias pareçam trágicas, o que testemunhamos é a felicidade da vida em grupo. Eles estão vivos de uma maneira que nenhum filme de nosso tempo consegue estar. Perto desse grupo de personagens todos os tipos do cinema atual parecem zumbis, ou pior, robots.
John Ford amava tudo aquilo que era feito em grupo. Desse modo, ele sempre dá um jeito de colocar em seus filmes cenas de enterros, casamentos, aniversários, natal, nascimentos, e também de brigas e bebedeiras. A alegria da vida reside no grupo e esse grupo é masculino. Ford ama as mulheres, mas em seu mundo são elas que tiram o homem do grupo e o levam à um tipo de reclusão. A reclusão do lar. Neste filme não há mulher, Por isso é um de seus filmes mais eufóricos. Sim, os homens em seus filmes são completos bobalhões, mas são felizes. O corpo lhes é amigo.
Mesmo em filmes onde há um herói solitário, e penso em RASTROS DE ÓDIO, esse herói é triste, amargurado, por ter se isolado da comunidade ou ter sido banido dela. Ford não dá escolha, a felicidade só pode existir na família, na cidade e na alegre camaradagem entre homens.
Esse mundo Fordiano está morto e esquecido. E nós deveríamos o resgatar. Hoje o que vemos são homens cuidando de seu nariz, vivendo no lar SEM A MULHER, fugindo de cerimônias em grupo, bebendo com um amigo se tanto, tendo dias de árida solidão. Existências tolhidas, sem cor, silenciosas, discretas, zeradas.
Se em 1895 cabia aos bons pensadores resgatar a individualidade humana em face da repressão de fábricas e de costumes, cabe a nós, em 2016 resgatar o grupo e colocar nele nossa individualidade. Exageramos na dose e fomos além da individuação. A saudável individuação se dá no grupo, dentro dele e NUNCA fugindo dele. Também nisso os hippies estavam errados. Cair na estrada e formar uma comunidade zumbi levou ao vazio.
Nunca mais haverá um John Ford. Tanto que quando penso em meus filmes favoritos NUNCA coloca um John Ford entre eles. Assim como Hitchcock, ele tem tantos filmes amados que os deixo de lado para não ser injusto com os outros diretores. John Ford retratou um mundo. E esse mundo é aquele que tem a correção, a alegria, a certeza do que é natural. Esse mundo é grupal.
Veja um filme maravilhoso, como este LONGA VIAGEM DE VOLTA. Temos um bando de homens e suas histórias dentro de um navio cargueiro. O elenco é aquele grupo de atores irlandeses que Ford tanto amava. Alguns deles vindos do Abbey Theatre, de Yeats. Eles não interpretam, eles são as personas. E ao ver o filme, por mais que as histórias pareçam trágicas, o que testemunhamos é a felicidade da vida em grupo. Eles estão vivos de uma maneira que nenhum filme de nosso tempo consegue estar. Perto desse grupo de personagens todos os tipos do cinema atual parecem zumbis, ou pior, robots.
John Ford amava tudo aquilo que era feito em grupo. Desse modo, ele sempre dá um jeito de colocar em seus filmes cenas de enterros, casamentos, aniversários, natal, nascimentos, e também de brigas e bebedeiras. A alegria da vida reside no grupo e esse grupo é masculino. Ford ama as mulheres, mas em seu mundo são elas que tiram o homem do grupo e o levam à um tipo de reclusão. A reclusão do lar. Neste filme não há mulher, Por isso é um de seus filmes mais eufóricos. Sim, os homens em seus filmes são completos bobalhões, mas são felizes. O corpo lhes é amigo.
Mesmo em filmes onde há um herói solitário, e penso em RASTROS DE ÓDIO, esse herói é triste, amargurado, por ter se isolado da comunidade ou ter sido banido dela. Ford não dá escolha, a felicidade só pode existir na família, na cidade e na alegre camaradagem entre homens.
Esse mundo Fordiano está morto e esquecido. E nós deveríamos o resgatar. Hoje o que vemos são homens cuidando de seu nariz, vivendo no lar SEM A MULHER, fugindo de cerimônias em grupo, bebendo com um amigo se tanto, tendo dias de árida solidão. Existências tolhidas, sem cor, silenciosas, discretas, zeradas.
Se em 1895 cabia aos bons pensadores resgatar a individualidade humana em face da repressão de fábricas e de costumes, cabe a nós, em 2016 resgatar o grupo e colocar nele nossa individualidade. Exageramos na dose e fomos além da individuação. A saudável individuação se dá no grupo, dentro dele e NUNCA fugindo dele. Também nisso os hippies estavam errados. Cair na estrada e formar uma comunidade zumbi levou ao vazio.
Nunca mais haverá um John Ford. Tanto que quando penso em meus filmes favoritos NUNCA coloca um John Ford entre eles. Assim como Hitchcock, ele tem tantos filmes amados que os deixo de lado para não ser injusto com os outros diretores. John Ford retratou um mundo. E esse mundo é aquele que tem a correção, a alegria, a certeza do que é natural. Esse mundo é grupal.