A APOSENTADORIA DA ARTE

   Duchamp tinha uma ideia: Após vinte anos, todo artista deveria ser obrigado a se aposentar. Isso porque depois desse tempo todos eles se repetem sem parar. Vinte anos é o limite. Então se abriria mais espaço para gente nova.
   Vinte anos. Scorsese teria parado em 88. Spielberg em 92. Fellini em 72. Bergman em 68. Acho que até não é má a ideia. Kurosawa em 65. Hitchcock em 50. Opa! Não teríamos Vertigo, Janela Indiscreta, Os Pássaros e Intriga Internacional...sei não...
   Heminguay em 45. Joyce em 40. Huxley em 42. Yeats em 1910...acho que não. Muito autor melhorou com a idade. O que não foi o caso de Heminguay e Tolstoi, que eram muito melhores quando jovens.
   Picasso em 20. Klee em 1935. Matisse em 1915. Acho que não...entendo Duchamp, a maioria dos artistas se repete já com 10 anos de trabalho, mas há exceções. Poucas, mas há.
   Rolling Stones em 1983. Bowie em 1989. Dylan em 82. Ops! A frase de Duchamp é perfeita para o mundo do rock!!!! Apesar dos ótimos discos de Dylan e de Lou Reed após os 20 anos de estrada, eles são repetições. Este ano, 2015, seria o da aposentadoria de toda a geração que começou em 1995. Certo demais! Afinal, os Beatles precisaram só de sete anos para marcar o mundo forever e o Velvet Underground de três para inventar o conceito de cult band. Acho que em rock dez anos tá bom. Bom demais.