O OLHAR DE BORGES, UMA BIOGRAFIA SENTIMENTAL. SOLANGE FERNÁNDEZ ORDONEZ.

Bem...um problema sério neste livro: a autora, psicóloga de crianças, é amiga e fã de Borges. Desse modo, chega a irritar a quantidade de elogios.
Mesmo assim tem muita coisa boa. Começa com uma cena linda: Borges criança jogando xadrez com o pai na biblioteca. Ele foi tão feliz nessa época que bibliotecas se tornaram para sempre seu mundo. Borges foi apegado e amigo do pai, da mãe e da irmã. Seu problema era na rua, onde parecia fraco, mimado e muito snob. Nunca foi, se sentia um estrangeiro. Amava os livros, a realidade era aquela, sua curiosidade o fazia ler tudo.
Foram para a Suíça, e lá ele sentiu saudades da Argentina. Voltou já adulto. Aos 40 anos fica famoso em seu país, dez anos depois é uma figura mundial. Morre aos 87 anos como um mito. Caminhava, de bengala, altivo, pelas ruas de Buenos Aires e todos o apontavam, lá vai Borges!
Nunca se casou, viveu com a mãe até a morte dela, aos 90 anos. Ela escrevia o que ele ditava e lia para ele: Stevenson, DeQuincey, Hume, Henry James, textos do inglês medieval, Cervantes. Borges amava a literatura inglesa, Keats, e pesquisava misticismo, religiões. Se considerava um judeu porquê o judaísmo é todo baseado em escrituras, no texto, na palavra. Achava o catolicismo infantil.
Felzmente a autoraautora evita psicologismos. Ela diz que um grande artista tem seu mundo, não pode ser reduzido.
Borges buscava mostrar que a realidade é mais irreal que o sonho. Seus contos confundem, desorientam. Místico verdadeiro, ele aceitava a incerteza. Abominava dogmas. Não gostava da literatura psicológica, jornalistica. Sabia que a verdade está na fantasia.