AMOR E MATEMÁTICA, O CORAÇÃO DA REALIDADE ESCONDIDA- EDWARD FRENKEL

Primeiro peço que não se confunda física com matemática. A física lida com aquilo que pode ser mensurado no mundo real, a matemática procura descobrir aquilo que sempre existiu, independente do homem, no mundo das idéias perfeitas. Platonismo? Sim, Frenkel defende o platonismo puro da matemática. É a única coisa conhecida no mundo que nada tem de física ou de mental. A matemática não está numa caverna para ser encontrada, não mora no mundo microscópio, não é acessada por telescópio, portanto ela não é solida. Ao mesmo tempo, a matemática não é criada por alguma mente genial. Pitágoras nunca inventou nada, ele descobriu algo que já estava lá desde antes do homem. O mesmo se dá com toda a matemática, nada nela foi criada, inventada, ela existe independente de nossa existência. É atemporal. Nosso cérebro jamais poderia a ter criado, ela vai além de nosso entendimento. Tudo o que fazemos é tentar conhecer seu universo.
Desse modo, todo conhecimento matemático não tem e não pode ter dono, ele é parte de todos, é uma linguagem sem tempo e sem fronteira, mas, ao contrário das línguas gramaticais, a lingua dos números não foi inventada, ela é desvendada.
O que se percebe é que o universo é todo feito de matemática, e este livro tenta nos fazer perceber alguma coisa do que seja essa matemática.
Esqueça a velha matéria da escola. Frenkel diz que o que nos ensinam são rabiscos sem sentido. O que o livro dá é aquilo que surgiu nos últimos 50 anos. Feixes, cordas, planos, campos morfológicos, correspondências. Claro que entendi pouca coisa, sou um homem da linha e do ponto, da palavra, a abstração, um número que simboliza dez dimensões...isso me é quase inalcançável. Mas percebi a nobre humildade desse conhecimento, a quase assustadora imensidão de seu questionamento. A matemática procura as perguntas certas e vai atrás do mundo das idéias puras, dos segredos menos humanos, os segredos matemáticos.