Então Jack Kerouac chupou Gore Vidal... Estou lendo a bio de Vidal. Uma delicia, só que escrita naquele estilo Gore Vidal, claro. Um tipo de anti-Henry James. Ele diz gostar de James, mas escreve seco. Direto e rápido. Quanta fofoca!!!! E que belo tempo para se viver!
Foi ele quem me ensinou, via Paulo Francis, a ver a América. Gore Vidal nasceu numa das familias mais importantes dos EUA. Seu avô foi senador. Cego, ele era um defensor dos índios. Foi difamado pela indústria do petróleo, que ambicionava as terras dos peles vermelhas. Isso em 1909. O pai de Gore foi atleta. Mal casado, sua esposa era uma megera. Vidal foi filho único e nunca teve nenhum problema em assumir sua sexualidade. Para ele sexo é esporte, sem envolvimento. Um caçador.
Gore Vidal fala da queda sem fim do país. O mal começou com Teddy Roosevelt e a guerra contra a Espanha. Roosevelt, em 1900, se joga na missão de ""salvar"" o Panamá. Ignora a constituição, que pregava a neutralidade americana, o não envolvimento em assuntos estrangeiros, e nessa guerra desigual leva de brinde Filipinas, Porto Rico e Cuba. Teddy abre a comporta para a ditadura de generais e milicos dentro dos EUA. Desde então, e cada vez mais, a vida americana se baseia na guerra. Seu avô, junto com o presidente Woodrow Wilson tentou resgatar a neutralidade americana e não envolver o país na primeira guerra mundial. Mas não houve como. Desde então não existe guerra sem a presença americana.
O melhor do livro está na politica. Gore Vidal foi senador, amigo dos Kennedy e quase foi indicado para concorrer a presidência ( os EUA teriam um presidente gay e escritor. E tão tarado quanto Kennedy, que comia uma mulher diferente por dia. Toda a vida! ). Se voce acha nossos escândalos indigestos....a politica feita na Casa Branca dá de lavada. Comprar senadores é coisa tradicional. Faz parte da democracia. E tem mais. Gore foi grande amigo da princesa Margareth, da Inglaterra. E ele fala o que todos nós suspeitamos, pouca gente nu mundo é tão idiota quanto a familia real inglesa. Burros, estúpidos, sem vida própria. Ocos como bonecos de pau. Moles e sem vontades. A pior familia real da Europa, não cai graças a Shakespeare. Gore tem bela teoria. Os ingleses, educados com doses cavalares do bardo, realmente acreditam no heroísmo dos reis e principes ingleses. Um rei é para eles algo tão mágico quanto....Shakespeare! A familia real da Holanda, da Dinamarca, da Espanha é muito mais nobre, pura e ativa que a inglesa. Mas será a inglesa a sobreviver sobre todas as outras.
Vidal fala bastante de escritores,claro. Foi amigo íntimo de Anais Nin. Que era uma chata e sem talento. Tennessee Willians, que era um caipira, mas, claro, talentoso. Paul Bowles, o melhor de todos. Conheceu também Faulkner, Cocteau, Saul Bellow, Mailer, Roth, o detestável Evelyn Waugh, Forster, Ginsberg, Kerouac, e os músicos Leonard Bernstein, Copland, além de bailarinos, bailarinas, atores.....Truman Capote, o grande mentiroso, está sempre por perto. Aliás há uma foto linda de Gore com Tennessee, Marlon Brando e Truman numa festa. 1948... segundo Gore foi o auge do país. Esbanjando dinheiro, viajando a Europa, morar em Roma custava o preço de um hamburger duplo. Foi o tempo em que a Broadway brilhava com peças de Tennessee e de Arthur Miller, O`Neil, os musicais adultos de Bernstein, de Copland, de Rodgers. O ballet moderno de Martha Graham. De Loring. O cinema ficava mais politico, na Europa, no Japão. Tempo de otimismo, muito otimismo. E de uma absurda fartura.
Vidal viaja pela Europa em 48/50. Muitos amores. Glamour. E passa a morar na Itália boa parte da vida. Sempre com Tennessee ao lado. Com quem ele nunca teve nada.
É um belo livro. De uma das mentes mais privilegiadas de seu tempo. Um observador imparcial, esperto, malicioso, chique, e bastante sincero.
Vale muito ler. Sua cultura agradecerá.
Foi ele quem me ensinou, via Paulo Francis, a ver a América. Gore Vidal nasceu numa das familias mais importantes dos EUA. Seu avô foi senador. Cego, ele era um defensor dos índios. Foi difamado pela indústria do petróleo, que ambicionava as terras dos peles vermelhas. Isso em 1909. O pai de Gore foi atleta. Mal casado, sua esposa era uma megera. Vidal foi filho único e nunca teve nenhum problema em assumir sua sexualidade. Para ele sexo é esporte, sem envolvimento. Um caçador.
Gore Vidal fala da queda sem fim do país. O mal começou com Teddy Roosevelt e a guerra contra a Espanha. Roosevelt, em 1900, se joga na missão de ""salvar"" o Panamá. Ignora a constituição, que pregava a neutralidade americana, o não envolvimento em assuntos estrangeiros, e nessa guerra desigual leva de brinde Filipinas, Porto Rico e Cuba. Teddy abre a comporta para a ditadura de generais e milicos dentro dos EUA. Desde então, e cada vez mais, a vida americana se baseia na guerra. Seu avô, junto com o presidente Woodrow Wilson tentou resgatar a neutralidade americana e não envolver o país na primeira guerra mundial. Mas não houve como. Desde então não existe guerra sem a presença americana.
O melhor do livro está na politica. Gore Vidal foi senador, amigo dos Kennedy e quase foi indicado para concorrer a presidência ( os EUA teriam um presidente gay e escritor. E tão tarado quanto Kennedy, que comia uma mulher diferente por dia. Toda a vida! ). Se voce acha nossos escândalos indigestos....a politica feita na Casa Branca dá de lavada. Comprar senadores é coisa tradicional. Faz parte da democracia. E tem mais. Gore foi grande amigo da princesa Margareth, da Inglaterra. E ele fala o que todos nós suspeitamos, pouca gente nu mundo é tão idiota quanto a familia real inglesa. Burros, estúpidos, sem vida própria. Ocos como bonecos de pau. Moles e sem vontades. A pior familia real da Europa, não cai graças a Shakespeare. Gore tem bela teoria. Os ingleses, educados com doses cavalares do bardo, realmente acreditam no heroísmo dos reis e principes ingleses. Um rei é para eles algo tão mágico quanto....Shakespeare! A familia real da Holanda, da Dinamarca, da Espanha é muito mais nobre, pura e ativa que a inglesa. Mas será a inglesa a sobreviver sobre todas as outras.
Vidal fala bastante de escritores,claro. Foi amigo íntimo de Anais Nin. Que era uma chata e sem talento. Tennessee Willians, que era um caipira, mas, claro, talentoso. Paul Bowles, o melhor de todos. Conheceu também Faulkner, Cocteau, Saul Bellow, Mailer, Roth, o detestável Evelyn Waugh, Forster, Ginsberg, Kerouac, e os músicos Leonard Bernstein, Copland, além de bailarinos, bailarinas, atores.....Truman Capote, o grande mentiroso, está sempre por perto. Aliás há uma foto linda de Gore com Tennessee, Marlon Brando e Truman numa festa. 1948... segundo Gore foi o auge do país. Esbanjando dinheiro, viajando a Europa, morar em Roma custava o preço de um hamburger duplo. Foi o tempo em que a Broadway brilhava com peças de Tennessee e de Arthur Miller, O`Neil, os musicais adultos de Bernstein, de Copland, de Rodgers. O ballet moderno de Martha Graham. De Loring. O cinema ficava mais politico, na Europa, no Japão. Tempo de otimismo, muito otimismo. E de uma absurda fartura.
Vidal viaja pela Europa em 48/50. Muitos amores. Glamour. E passa a morar na Itália boa parte da vida. Sempre com Tennessee ao lado. Com quem ele nunca teve nada.
É um belo livro. De uma das mentes mais privilegiadas de seu tempo. Um observador imparcial, esperto, malicioso, chique, e bastante sincero.
Vale muito ler. Sua cultura agradecerá.