Estou mergulhado e enfeitiçado nas 800 páginas de CONTOS REUNIDOS do mago esteta Vladimir Nabokov. Li as primeiras 200 páginas. Elas correspondem a seus primeiros contos, escritos na Alemanha e na Inglaterra, por volta de 1924. Um jovem de 25 anos portanto. E quanta invenção, quanta sensibilidade e melhor que tudo, já nascente, seu dom de unir humor a drama e dar pinceladas de sobrenatural e de inefabilidade à vida cotidiana. Sentimos toques de invisível. Como borboletas, como metamorfoses, como folhas que não se consegue ver.
Li 15 contos até agora. Não há um só que seja menos que ótimo. E alguns têm a marca de genialidade refulgente. Pegue NATAL por exemplo. Fala da morte de um filho. E de um pai que sofre sozinho. Em apenas 5 páginas Nabokov nos faz quase ver Deus em nossa frente. Raramente li alguma coisa mais bem acabada, bem construída, matematicamente precisa. À beira da morte nasce um lembrete. Não, não posso contar o final. O que posso dizer é que ele entra na muito restrita conta de meus contos favoritos. Eu daria tudo para escrever alguma coisa como essa.
Mas temos também A VENEZIANA. Esse é uma aula de surpresas plantadas, de clima estranho, de suspense e de beleza. Fala de um quadro, uma esposa e um jovem tímido. Perfeito. Há ainda BATER DE ASAS, um conto assustador, feio, sujo e bastante pessimista em seus erros denunciados. DETALHES DE UM PÔR DO SOL, outra perfeição, narrativa que se desenrola como música, harmoniosa e sempre surpreendente.
Ler Nabokov é um prazer que descobri aos 48 anos. Todos sabem que meu autor favorito, em prosa, é desde os 38 anos, Henry James, mas Nabokov escreve exatamente aquilo que eu gostaria de escrever se tivesse talento. Vladimir é vasto e ao mesmo tempo pequeno. Seu humor reside na sombra, em meio ao Kaos, no cerne da dor. As descrições nos fazem ver e quase sentir o cheiros das coisas. E os personagens vivem, mesmo quando descritos em apenas 3 linhas. Um mestre.
Lerei o resto lentamente. Lê-lo é como beber um Porto. Em pequenos goles, usufruindo do momento, da cor.
Li 15 contos até agora. Não há um só que seja menos que ótimo. E alguns têm a marca de genialidade refulgente. Pegue NATAL por exemplo. Fala da morte de um filho. E de um pai que sofre sozinho. Em apenas 5 páginas Nabokov nos faz quase ver Deus em nossa frente. Raramente li alguma coisa mais bem acabada, bem construída, matematicamente precisa. À beira da morte nasce um lembrete. Não, não posso contar o final. O que posso dizer é que ele entra na muito restrita conta de meus contos favoritos. Eu daria tudo para escrever alguma coisa como essa.
Mas temos também A VENEZIANA. Esse é uma aula de surpresas plantadas, de clima estranho, de suspense e de beleza. Fala de um quadro, uma esposa e um jovem tímido. Perfeito. Há ainda BATER DE ASAS, um conto assustador, feio, sujo e bastante pessimista em seus erros denunciados. DETALHES DE UM PÔR DO SOL, outra perfeição, narrativa que se desenrola como música, harmoniosa e sempre surpreendente.
Ler Nabokov é um prazer que descobri aos 48 anos. Todos sabem que meu autor favorito, em prosa, é desde os 38 anos, Henry James, mas Nabokov escreve exatamente aquilo que eu gostaria de escrever se tivesse talento. Vladimir é vasto e ao mesmo tempo pequeno. Seu humor reside na sombra, em meio ao Kaos, no cerne da dor. As descrições nos fazem ver e quase sentir o cheiros das coisas. E os personagens vivem, mesmo quando descritos em apenas 3 linhas. Um mestre.
Lerei o resto lentamente. Lê-lo é como beber um Porto. Em pequenos goles, usufruindo do momento, da cor.