Dormir e acordar em outro mundo.
Essa frase ecoa em mim, dentro de mim. Dormir e esquecer. Não esquecer, ainda saber o que se é e o que se teve. Dormir e acordar em outra praia. Mas não é o mar que conhecemos, é outro mar e outro céu.
Outro eu que ainda relembra o eu que sou. Em outro mundo de presente e sem futuro, um acordar que é somente rememorar.
No quintal com varal passa um avião fazendo barulho que assusta. É o mesmo varal e o mesmo avião e até o quintal se repete. Mas não é o mesmo momento, é outro e no entanto não é passado. Muito menos um futuro.
Dentro do porão uma aranha tece. Ela tece junto a janela quebrada cheia de pó que se acumula desde anos. O teto baixo pintado de branco e a porta que raspa no chão vermelho desbotado. Umidade. Tudo é conhecido e tudo tem a estranheza de uma primeira descoberta. O porão não guarda lembrança alguma, e nem pode ser considerado desconhecido. Ele é presente.
Dormir e acordar em outro mundo. Verde e cinza. Frio sem que o frio nos faça desconforto. Mundo de movimentos ensaiados para dentro. Mundo de onde nada pode cair e se perder e onde a destruição cessa e a construção esfria mais que aquece.
Nesse mundo de vácuo cheio de possibilidades o tempo se engole a si-mesmo. A areia sobe rumo ao presente. O presente é o destino. Volta.
Acordar é um futuro. Dormir é um futuro. Mundo outro que não espera. Pássaros de silêncio e folhas de rosas dormindo sobre o papel que crianças recortam e riem. Ao mesmo momento ecoa um recorte de lembrança.
A dança existe sem a dançarina. A música é cantada sem o tempo. E a cor respira no escuro. Silêncio. O sono era barulho e fúria. Acordar é silêncio.
Acordar em outro mundo sendo o mesmo e ao mesmo tempo sendo outro.
A poesia é pouca.
Escrevo isto após reler QUATRO QUARTETOS de Eliot.
Essas imagens saem de mim.
Essa ideia nasce em mim.
Faz sentido em mim.
Poesia é árvore, seiva da terra ao ar.
Um sim.
Essa frase ecoa em mim, dentro de mim. Dormir e esquecer. Não esquecer, ainda saber o que se é e o que se teve. Dormir e acordar em outra praia. Mas não é o mar que conhecemos, é outro mar e outro céu.
Outro eu que ainda relembra o eu que sou. Em outro mundo de presente e sem futuro, um acordar que é somente rememorar.
No quintal com varal passa um avião fazendo barulho que assusta. É o mesmo varal e o mesmo avião e até o quintal se repete. Mas não é o mesmo momento, é outro e no entanto não é passado. Muito menos um futuro.
Dentro do porão uma aranha tece. Ela tece junto a janela quebrada cheia de pó que se acumula desde anos. O teto baixo pintado de branco e a porta que raspa no chão vermelho desbotado. Umidade. Tudo é conhecido e tudo tem a estranheza de uma primeira descoberta. O porão não guarda lembrança alguma, e nem pode ser considerado desconhecido. Ele é presente.
Dormir e acordar em outro mundo. Verde e cinza. Frio sem que o frio nos faça desconforto. Mundo de movimentos ensaiados para dentro. Mundo de onde nada pode cair e se perder e onde a destruição cessa e a construção esfria mais que aquece.
Nesse mundo de vácuo cheio de possibilidades o tempo se engole a si-mesmo. A areia sobe rumo ao presente. O presente é o destino. Volta.
Acordar é um futuro. Dormir é um futuro. Mundo outro que não espera. Pássaros de silêncio e folhas de rosas dormindo sobre o papel que crianças recortam e riem. Ao mesmo momento ecoa um recorte de lembrança.
A dança existe sem a dançarina. A música é cantada sem o tempo. E a cor respira no escuro. Silêncio. O sono era barulho e fúria. Acordar é silêncio.
Acordar em outro mundo sendo o mesmo e ao mesmo tempo sendo outro.
A poesia é pouca.
Escrevo isto após reler QUATRO QUARTETOS de Eliot.
Essas imagens saem de mim.
Essa ideia nasce em mim.
Faz sentido em mim.
Poesia é árvore, seiva da terra ao ar.
Um sim.