Frio? Não faz mais frio. E a garoa se foi com a neblina. Meus lábios aqui não racham mais.
A gente também esqueceu como é ser artista. Nada produzíamos, mas nos achávamos artistas. Sem medo do ridiculo.
Eu queria ser maldito. E triste. Amar era pra ser triste. Porque como dizia Bowie, só a tristeza tem beleza. E sem beleza a vida nada valia.
O mundo era uma navalha. Brilhava e cortava. Berlin tinha um muro e o preto era preto. Pouco cinza. Voce era ou não era. Sem cinza. Nesse mundo rompido em dois tudo era mais radical. O feliz era absoluto e o triste era de morrer.
1985 foi o ano mais triste da história do mundo. Porque teve ASAS DO DESEJO. E este disco. Depois da felicidade esfuziante de 1983, o bode mortal de 84 e a dor terminal de 85.
Triste porém contente. Uma masturbação. O auto-erotismo do fatalismo.
Os irmãos Reid vinham da Escócia. E eram doces como os Beach Boys e ácidos como os Velvet tocando Sister Ray. Suicide encontra Donovan.
O disco foi o epitáfio de uma época. O adorno do túmulo do rock. Todos os críticos amaram. Jesus chegara e era o futuro. ( Não não era não. O futuro morava nos EUA. Nossa crítica sempre erra. Olha para a GB e esquece que o novo sempre vem da América ).
O novo seria o RAP. O eletro urdido em Detroit. O som sujo que se armava em Seattle. As misturas feitas na Califa.
Mas Jesus era apaixonante. Porque era triste. Belo. Sublime.
Nestes quase trinta anos ( Pode isso? ), tanta coisa se fez triste...Mas Jesus era mais radical porque foi o primeiro disco dos jovens desesperados de amor terminal. Isso hoje cheira a banalidade. Esse tipo de murmúrio lamuriento em 2014 serve até pra vender carro e ser trilha de novela. Mas em 1985 era um som só da gente. Secreto. Nosso. Meu e seu.
E ainda machuca.
A gente também esqueceu como é ser artista. Nada produzíamos, mas nos achávamos artistas. Sem medo do ridiculo.
Eu queria ser maldito. E triste. Amar era pra ser triste. Porque como dizia Bowie, só a tristeza tem beleza. E sem beleza a vida nada valia.
O mundo era uma navalha. Brilhava e cortava. Berlin tinha um muro e o preto era preto. Pouco cinza. Voce era ou não era. Sem cinza. Nesse mundo rompido em dois tudo era mais radical. O feliz era absoluto e o triste era de morrer.
1985 foi o ano mais triste da história do mundo. Porque teve ASAS DO DESEJO. E este disco. Depois da felicidade esfuziante de 1983, o bode mortal de 84 e a dor terminal de 85.
Triste porém contente. Uma masturbação. O auto-erotismo do fatalismo.
Os irmãos Reid vinham da Escócia. E eram doces como os Beach Boys e ácidos como os Velvet tocando Sister Ray. Suicide encontra Donovan.
O disco foi o epitáfio de uma época. O adorno do túmulo do rock. Todos os críticos amaram. Jesus chegara e era o futuro. ( Não não era não. O futuro morava nos EUA. Nossa crítica sempre erra. Olha para a GB e esquece que o novo sempre vem da América ).
O novo seria o RAP. O eletro urdido em Detroit. O som sujo que se armava em Seattle. As misturas feitas na Califa.
Mas Jesus era apaixonante. Porque era triste. Belo. Sublime.
Nestes quase trinta anos ( Pode isso? ), tanta coisa se fez triste...Mas Jesus era mais radical porque foi o primeiro disco dos jovens desesperados de amor terminal. Isso hoje cheira a banalidade. Esse tipo de murmúrio lamuriento em 2014 serve até pra vender carro e ser trilha de novela. Mas em 1985 era um som só da gente. Secreto. Nosso. Meu e seu.
E ainda machuca.