A SIBILA- AGUSTINA BESSA-LUIS

   Agustina, uma das mais destacadas vozes portuguesas do século XX, desenvolve aqui a história de uma familia do campo, avôs, pais, primos. Familia que aparece cheia de posses, mas que vai sendo dilapidada por homens gastadores, galanteadores, infantis. Há uma frase, maravilhosa de Agustina que faz brilhar a narrativa: "Os homens vivem o tempo e o espaço, e assim perdem a vida. As mulheres não se colocam tão confortáveis no modernismo, elas perdem o tempo, ignoram o espaço e assim conhecem a vida".
   Duas irmãs são centro do livro. Quina, uma delas, desenvolve aquilo que perdemos no tempo, ela lê sinais no clima, percebe como são as pessoas, sente coisas que todos um dia sentiam mas que não conseguimos sentir mais. Em meio a saga, em meio as idas e vindas da vida, Agustina consegue dar toques misticos, sem nada de forçado, e demonstrar duplos sentidos, sem jamais interromper a história.
   É um livro dificil de ler. A autora escreve de modo farto, rico, um tipo de ourivesaria verbal, um banquete léxico, português do norte, cheio de expressões que nos são estranhos. Mas vale a pena, ela cria um mundo, cria um ritmo. A Sibila não se esgota nunca.